Antonio Carlos
Egypto
CERTO AGORA, ERRADO ANTES (Jigeumeun Matgo Geuttaeneun Teullida).
Coréia do Sul, 2015. Direção:
Hong Sang-soo. Com: Jae-yeong Jeong,
Kim-Min-Hee, Yeo-jeong Yoon, Ju-Bong Gi. 121 min.
Hong Sang-soo, o diretor coreano de “Certo Agora,
Errado Antes”, já teve alguns filmes exibidos no circuito comercial dos cinemas
por aqui: “Ha Ha Ha”, de 2010, “A Visitante Francesa”, de 2012, e “Filha de
Ninguém”, de 2013. É um cineasta que
trabalha com a sutileza, com a inibição e com as demais dificuldades que se dão
nos contatos humanos, com o uso do álcool e dos ambientes de bares e
restaurantes, onde coisas acontecem, às vezes de forma abrupta ou inesperada. E também com a repetição de situações, ou com
as diferentes visões de determinados acontecimentos.
“Certo Agora, Errado Antes” também pode inverter a
chamada para “Certo Antes, Errado Agora”. É uma situação que se repete de forma
diferente, em alguns aspectos, mostrando que as ações de cada um, por pequenas
que sejam, podem transformar significativamente as relações que se estabelecem
e o que resta na lembrança e na vida de cada um dos envolvidos.
A trama é simples.
Um diretor de cinema se dirige para a cidade de Suwon, onde seu novo
filme será exibido e haverá um debate após a projeção. Mas ele chega, por engano, um dia antes e
fica sem nada para fazer. O que ocorre nesse dia livre é que ele conhecerá uma
ex-modelo, que se dedica agora à pintura, e se estabelecerá uma intimidade
entre eles, ao longo de todo esse dia em que convivem e se encontram também com
pessoas da cidade, que conhecem a pintora.
O repertório dos dois protagonistas para
estabelecerem esse relacionamento é um tanto pobre, inibido, bloqueado. Ao mesmo tempo, expressam um afeto genuíno um
pelo outro, ainda que contido e até envergonhado.
Acompanhar esse jogo relacional em duas versões é
bastante curioso e nos leva a repensar as formas como os relacionamentos podem
se estabelecer e o que pode comprometê-los desde o início. Mas é preciso aceitar a repetição de cenas,
porque, em cada uma das versões, grande parte das coisas simplesmente se
repetem sem mudanças.
O filme tem um clima delicado e suave, como de
costume, no trabalho de Hong Sang-soo. E
os conflitos não tomam a forma de grandes dramas. Apesar de conter situações intensas e
inesperadas, tudo se passa num tom menor, ainda que a bebida jogue como fator
desestabilizador.
Um filme que se foca no ritmo da vida pacata de uma
pequena cidade, sem pressa, mostrando por meio de planos-sequência filmados com
sutileza e uma bela fotografia como as relações humanas se dão. Os protagonistas Jae-yeong Jeong e
Kim-Min-Hee encontraram o tom certo e minimalista de expressão, para viver essa
relação amorosa fugaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário