Antonio
Carlos Egypto
MACBETH: AMBIÇÃO E GUERRA (Macbeth). Inglaterra, 2015. Direção: Justin Kurzel. Com Michael Fassbender, Marion Cotillard,
David Thewlis, Sean Harris, Elizabeth Debicki. 113 min.
Macbeth é
uma das mais importantes peças de William Shakespeare (1564-1616). Escrita provavelmente entre 1603 e 1607, foi
apresentada pela primeira vez nos palcos em 1611. E é continuamente reencenada em todo o
mundo. Agora mesmo, em São Paulo, há
uma montagem teatral de Macbeth em
cartaz, até o final de janeiro de 2016, dirigida por Ron Daniels, com Thiago
Lacerda e Giulia Gam nos papéis principais.
No cinema, Macbeth
já foi filmada por mestres da sétima arte, como Orson Welles, em 1948, ou Roman
Polanski, em 1971. Akira Kurosawa também
a adaptou, no filme “Trono Manchado de Sangue”, em 1957. Temos, em 2015, uma nova versão
cinematográfica, que vem do Reino Unido, sob a direção de Justin Kurzel e que
faz jus à importância e ao significado cultural que Macbeth ostenta.
A nova versão é bem sofisticada em termos
visuais. Explora a baixa luminosidade de
largas paisagens escocesas e envolve as batalhas em densa neblina. Esse clima, onde prevalecem as brumas, dá
conta da escuridão de sentimentos que acompanha a matança pelo poder. E não só a das batalhas, mas a de todo o
reino, que se mantém e se renova pela violência.
Se é de sangue que se trata, o filme explora, em
belos enquadramentos, cenas em vermelho.
Sombrio, mas também luminoso. O
recurso da câmera lenta e do congelamento da imagem evita que um excesso de
sangue se exponha desnecessariamente. E
simplifica a filmagem de algumas cenas de batalhas.
Silhuetas se destacam no cinzento da névoa, no
entardecer, no cromatismo rouge. A chuva cumpre seu papel na plasticidade dos
planos retratados.
Bruxas, que aparecem e desaparecem, conduzem a
história por meio de seus presságios e antevisões, que falam da conquista de
grandes poderes e de elementos aparentemente mágicos que podem trazer
derrotas. Os personagens construirão com
planejamento, artimanhas, medo e espadas, os vaticínios das bruxas.
Por poder se mata, se mente, se deteriora o
humano. Onde estarão os limites,
pergunta Shakespeare? Nada mais atual.
Macbeth, bem interpretado por Michael Fassbender,
grande ator contemporâneo, e Lady Macbeth, pela versátil atriz francesa Marion
Cotillard, protagonizam o trágico casal real que atravessou séculos de história
para nos contar da íntima conexão entre poder e violência e das terríveis
consequências que advêm deles. O que,
infelizmente, testemunhamos todos os dias neste atormentado século XXI
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