Antonio
Carlos Egypto
A HISTÓRIA DA ETERNIDADE. Brasil, 2013.
Direção e roteiro: Camilo Cavalcante.
Com Irandhir Santos, Marcélia Cartaxo, Cláudio Jaborandy, Zezita Matos,
Débora Ingrid, Leonardo França. 120 min.
“A História da Eternidade”, primeiro longa-metragem
do pernambucano Camilo Cavalcante, é um filme de grande beleza plástica, que
faz um uso magnífico da luz, dos closes de rostos, objetos, detalhes, de belos
planos gerais e de enquadramentos impecavelmente construídos. É um filme para se apreciar do começo ao fim,
com atenção e calma. Deixar fluir suas
imagens numa atividade contemplativa, usufruir da sua poesia.
Se o título soa estranho e pretensioso, o filme é
outra coisa. Trata de um universo
simples e sensível de um pequeno vilarejo no Sertão, onde vicejam a pobreza, a
humildade e a frustração dos desejos. Um
mundo que não é capaz de absorver a transgressão da arte e para onde não se
retorna, a não ser para tentar fugir de crimes cometidos na cidade. Um lugar em que a dor pode ser profunda na
solidão, mas em que o amor pode surgir de forma surpreendente e inesperada.
A vida de três mulheres, de diferentes faixas de
idade, é posta em xeque por meio de seus desejos e da relação deles com a
morte, como uma espécie de inevitabilidade.
No contexto árido em que vivem, a aspiração por ver o
mar, a música do sanfoneiro cego apaixonado e a vinda de um neto para fazer
companhia, preenchem e dão sentido, ao menos provisoriamente, a tudo. Mas o destino reserva surpresas a todas
elas. Surpresas, na verdade, que podem
ser antevistas pelo mundo que as cerca, pequeno e fechado. Também por seus próprios desejos e instintos
capazes de interferir fortemente no rumo dos acontecimentos.
Num elenco afinado e com ótimo desempenho, Irandhir
Santos acaba por se destacar porque seu personagem lhe possibilita uma atuação
exuberante. A trilha sonora, muito
expressiva, foi criada por Zibgniew Preisner, dos filmes de Krzysztof
Kieslowski, e por Dominguinhos, em seu último trabalho.
O filme já ganhou muitos prêmios, entre eles, o do
público, para o cinema brasileiro, na 38ª. Mostra Internacional de Cinema de
São Paulo.
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