quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A HISTÓRIA DA ETERNIDADE


Antonio Carlos Egypto




A HISTÓRIA DA ETERNIDADE.  Brasil, 2013.  Direção e roteiro: Camilo Cavalcante.  Com Irandhir Santos, Marcélia Cartaxo, Cláudio Jaborandy, Zezita Matos, Débora Ingrid, Leonardo França.  120 min.



“A História da Eternidade”, primeiro longa-metragem do pernambucano Camilo Cavalcante, é um filme de grande beleza plástica, que faz um uso magnífico da luz, dos closes de rostos, objetos, detalhes, de belos planos gerais e de enquadramentos impecavelmente construídos.  É um filme para se apreciar do começo ao fim, com atenção e calma.  Deixar fluir suas imagens numa atividade contemplativa, usufruir da sua poesia.




Se o título soa estranho e pretensioso, o filme é outra coisa.  Trata de um universo simples e sensível de um pequeno vilarejo no Sertão, onde vicejam a pobreza, a humildade e a frustração dos desejos.  Um mundo que não é capaz de absorver a transgressão da arte e para onde não se retorna, a não ser para tentar fugir de crimes cometidos na cidade.  Um lugar em que a dor pode ser profunda na solidão, mas em que o amor pode surgir de forma surpreendente e inesperada.

A vida de três mulheres, de diferentes faixas de idade, é posta em xeque por meio de seus desejos e da relação deles com a morte, como uma espécie de inevitabilidade.




No contexto árido em que vivem, a aspiração por ver o mar, a música do sanfoneiro cego apaixonado e a vinda de um neto para fazer companhia, preenchem e dão sentido, ao menos provisoriamente, a tudo.  Mas o destino reserva surpresas a todas elas.  Surpresas, na verdade, que podem ser antevistas pelo mundo que as cerca, pequeno e fechado.  Também por seus próprios desejos e instintos capazes de interferir fortemente no rumo dos acontecimentos.




Num elenco afinado e com ótimo desempenho, Irandhir Santos acaba por se destacar porque seu personagem lhe possibilita uma atuação exuberante.  A trilha sonora, muito expressiva, foi criada por Zibgniew Preisner, dos filmes de Krzysztof Kieslowski, e por Dominguinhos, em seu último trabalho.

O filme já ganhou muitos prêmios, entre eles, o do público, para o cinema brasileiro, na 38ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.




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