Antonio
Carlos Egypto
O HOMEM DUPLICADO (Enemy). Canadá, 2013. Direção: Denis Villeneuve. Com Jake Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Sarah
Gadon, Isabella Rossellini. 90 min.
Uma história intrigante, saída de um romance
de José Saramago, deu origem ao filme canadense “O Homem Duplicado”. Uma trama que envolve o espectador, cria
suspense, mistério.
Imagine a situação: um homem adulto descobre
que tem um clone. Alguém igualzinho a
ele, com a mesma voz. A mãe garante que
ele não tem um irmão gêmeo, univitelino, que ela tenha escondido. Como explicar esse sósia? De qualquer modo
não será possível ignorar sua existência.
O fato é que isso mexe muito com os dois
personagens idênticos, que irão procurar encontrar seu duplo e lidar com a
estranha situação. Além deles, suas
mulheres terão de se relacionar com os dois, algo inusitado e angustiante, que
desestabiliza ambas as relações.
Há aí um mote muito interessante para o
desenvolvimento da narrativa. Cenas que
envolvem telefonemas e comportamentos estranhos, perseguições, confrontos,
ambiguidades. Tudo isso faz do filme uma
experiência atrativa.
Mas o diretor Denis Villeneuve, do
superestimado “Incêndios”, de 2010, complica mais do que seria necessário o tal
mistério. Joga o espectador numa zona
cinzenta e faz questão de não sair dela.
Para quê? Para que o mistério
continue sendo mistério. E por quê? Não se podem ou não se devem elucidar as
questões? Diante de uma proposta que
envolve a questão da perda da identidade numa sociedade que valoriza o
individualismo, o assunto fica submerso no mistério. Estranho. O final deve ficar aberto, mesmo que se
pudesse entendê-lo? Não sei qual é a
intenção ou justificativa. Só posso
dizer que não gostei da forma como ele encaminhou a resolução do filme. Mais parece uma “pegadinha”, embora apresente
ares de profundidade artística, obra aberta, essas coisas. Não convence.
Quem faz o duplo papel do protagonista
masculino é Jake Gyllenhaal, bom ator, que tem a oportunidade de viver duas
personalidades distintas e até de contracenar consigo mesmo, e o faz com uma
interpretação sutil e apropriada.
Um filme bom de se ver, embora fique devendo
alguma coisa mais consistente para o espectador. A bela história do grande Saramago merecia
mais
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