Antonio
Carlos Egypto
MAIS
QUE MEL (More than Honey). Suíça, 2012. Direção: Markus Imhoof. Documentário.
95 min.
“Mais que Mel” é o título brasileiro equivocado para
um documentário suíço que procura mostrar que a importância das abelhas para o
mundo vai muito além do mel que elas produzem.
Portanto, o filme deveria se chamar Mais
do que Mel.
Com efeito, o que o documentário dirigido por Markus
Imhoof nos mostra é que o trabalho de polinização que as abelhas realizam
garante um terço de tudo o que a humanidade come. O filme chega a acompanhar um grupo de
norte-americanos que transporta abelhas por todo o país para garantir a
produção de frutos nas diversas regiões dos Estados Unidos. E se preocupam em vencer longas distâncias
por terra parando o menos possível para não comprometer a sobrevivência dos
insetos.
O documentário, indicado pela Suíça para a disputa do
Oscar de filme estrangeiro, aborda com preocupação a morte crescente das
abelhas no mundo. Cerca de metade delas
está morrendo, sem que as razões tenham sido claramente identificadas, nos
últimos quinze anos. Abelhas selvagens
são cada vez mais raras. Uma frase
atribuída a Einstein revela a dimensão do problema: “Se as abelhas morrerem, a
humanidade morre quatro anos depois”. De outra parte, o documentário constata,
com perplexidade, que em algumas regiões da China as abelhas já desapareceram e
foram substituídas pela polinização com produtos químicos.
“Mais que Mel” viaja por várias partes do mundo, além
das montanhas suíças, tratando do modo de produção de colônias de abelhas,
chegando a nos mostrar como se faz para enganar uma colmeia e fazer com que ela
alimente 51 rainhas, em lugar da única, como normalmente acontece. Essas rainhas e uma pequena parte dessa
colônia são exportadas, inclusive por pacotes enviados via correio, nos moldes
do nosso Sedex.
São muitas e variadas as informações que o documentário
nos oferece, embora ele não tenha tido o cuidado de identificar as diversas
partes do mundo em que foi filmado.
Distingue-se, quando possível, pela paisagem e pela língua falada:
alemão, inglês ou chinês. Mas a
informação fica incompleta, inevitavelmente.
O que, ao contrário, é bastante completo é o
conhecimento de como funciona uma colônia de abelhas, o trabalho executado por
elas e pelos apicultores, a produção do mel.
Tudo mostrado em detalhes e muito de perto. Haja zoom.
A câmera entra na colmeia e flagra todos os movimentos, a dança
ziguezagueante que elas fazem, o som que produzem, o trabalho em cada
favo. Isso é admirável, o mundo das
abelhas revelado ao espectador. Vale o
filme.
No entanto, é preciso voltar às denúncias e preocupações
que “Mais que Mel” lança. Ficamos
sabendo que uma nova espécie de abelhas, chamadas abelhas assassinas, resiste
ao controle humano e já provocou várias mortes em seu périplo pelas Américas. Partindo de onde? De São Paulo, Brasil. De pesquisas realizadas pela USP, segundo o
filme. Se essas abelhas assustam e até
sugerem alguma forma de terrorismo, por outro lado, elas sobrevivem mais e
melhor, de forma autônoma, trazendo alguma esperança para a sobrevivência dessa
espécie, tão essencial ao nosso mundo.
Deveria rever o texto do último parágrafo, completamente equivocado. Pesquisadores brasileiros não criaram nenhuma espécie de abelha assassina, não é essa a informação do filme.
ResponderExcluirVocê faz um comentário que ficou fora do tempo. Postei essa crítica em 2013, difícil comentá-la em 2017. Não voltei a ver o filme. Mas posso lhe garantir que não inventei nada que lá não estivesse.Pesquisas produzem experimentos que podem trazer surpresas, resultados não previstos ou controlados. Isso é normal. Qual é o problema?
ExcluirGostei, devemos nos preocupar mais com as abelhas e com os polinizadores
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