NA QUADRADA DAS ÁGUAS
PERDIDAS. Brasil, 2011. Direção: Wagner Miranda e Marcos
Carvalho. Com Matheus Nachtergaele. 74 min.
“Na Quadrada das Águas Perdidas”
tem dois diretores, Wagner Miranda e Marcos Carvalho, e um só ator, o brilhante
Matheus Nachtergaele. E esse ator único
não diz uma palavra durante todo o filme.
Emite sons, diferentes ruídos decorrentes de sua movimentação, grunhidos
e até um grito, mas não palavras.
Não há falas, mas há belas imagens e uma trilha
sonora espetacular do grupo Matingueiros, de Geraldo Azevedo e de Elomar
Figuera Melo, que preenche toda a narrativa exclusivamente com música
instrumental. Essa bela trilha pode ser
apreciada, também, independentemente da película.
O filme todo se passa na caatinga e mostra um
nordestino lutando para sobreviver, em meio a uma natureza seca e inóspita,
convivendo com os animais. Entre eles,
os urubus estarão sempre à espreita, trazendo o agouro da morte como perspectiva.
O catingueiro realiza sua odisseia pela sobrevivência
naquele ambiente típico do nordeste brasileiro, marcado por pequenas árvores
espinhosas, sem folhas durante a seca, mas ali também há cactus suculentos que
podem servir de alimento e, apesar de escassa, alguma água pode ser
encontrada. A aridez não é absoluta,
embora o custo da sobrevivência possa ser alto.
O burro que o catingueiro levava não resiste, assim como seu precário
instrumento de locomoção. Uma cabrita
tem de ser entregue à onça, que irrompe no ambiente, para que seja possível
prosseguir a caminhada.
Mas o convívio do ser humano com a natureza se mostra
possível e até harmonioso, apesar de tudo.
Esse enfoque é um trunfo do filme.
Mostra algo conhecido por outro prisma, oferecendo ao espectador uma
nova oportunidade de reflexão.
A fotografia dessa poética produção pernambucana,
rodada no vale do São Francisco, ressalta a inegável beleza da caatinga, além
de sua originalidade. A caatinga é
considerada o único bioma exclusivamente brasileiro.
Um grande ator, Matheus Nachtergaele, viabiliza tudo
isso por meio de uma interpretação visceral, valendo-se dos seus muitos
recursos de expressão corporal, que dispensam quaisquer palavras, até mesmo as
de uma poesia que poderia estar emoldurada numa letra de música. Grande desempenho.
O filme não tem diálogos, não tem monólogos, não tem palavras. Tudo é dito com imagens, com as cores vivas e quentes do sertão. Assim atrai e encanta! Tem uma crítica em
ResponderExcluirwww.artigosdecinema.blogspot.com/2013/08/na-quadrada-das-aguas-perdidas.html