Antonio Carlos
Egypto
AMOR
PLENO (To The Wonder). Estados Unidos, 2012. Direção: Terrence Malick. Com Ben Affleck, Olga Kurylenko, Rachel
Adams, Javier Bardem. 112 min.
“Amor Pleno”, o novo filme do diretor Terrence Malick,
trata das vicissitudes do amor. De
encontros e desencontros, expectativas frustradas, leniência nas relações
amorosas, apatia, falta de empenho, mas também de momentos de grande alegria e
comunhão entre um homem e uma mulher. Ou
entre um homem e duas mulheres, com quem convive simultânea ou alternadamente.
No filme, porém, questões existenciais
necessariamente remetem ao cosmos, à ideia de Deus e a uma religiosidade. À busca por um sentido, por preencher um
vazio. Há até um padre às voltas com
suas crenças e dúvidas com relação ao amor divino, que seria a forma mais plena
de amor. Para quem gosta desse tipo de
abordagem, é um prato cheio, porque Malick é um cineasta talentosíssimo para
lidar com imagens.
A beleza plástica do filme é indiscutível. Enquadramentos perfeitos, locações
belíssimas, exploração da luz como elemento dessa dimensão cósmica. Enfim, é um filme bonito de se ver, de um
ponto de vista contemplativo.
Para usufruir de sua beleza sem se aborrecer, no
entanto, é preciso adotar a perspectiva apresentada. Do contrário, essa beleza parecerá gratuita e
sem razão de ser. Quem já não recebeu
montanhas de sequências de belas fotos turísticas, de natureza ou do que quer
que seja, por meio desses PPS de computador?
É bonito, sim. Mas cansa e se
torna repetitivo. Se você não tem um
interesse específico naquilo que lhe é enviado, você tende a não dar
importância, nem ver direito e deletar tudo isso, não é? Esse é o risco que “Amor Pleno” corre em
relação a um público mais cético ou menos propenso ao cultivo do belo pelo
belo.
“A Árvore da Vida”, o filme anterior de Terrence
Malick, foi bem avaliado pela crítica e apreciado pelo público. A abordagem é parecida agora, mas lá havia
mais consistência e também imagens mais arrebatadoras. “Amor Pleno” é um filme menor do cineasta,
que não acrescenta nada de relevante à sua obra.
O elenco tem atuação discreta, de baixa
intensidade. Até porque há poucas cenas
com os diálogos e confrontos narrados no filme.
Duas belas mulheres: Olga Kurylenko e Rachel Adams marcam presença,
contracenando com Ben Affleck, ator e o premiado diretor de “Argo”. O papel de Ben é o do homem apático, que não
sabe lidar com o amor que a vida lhe
oferece. O papel parece muito apropriado
a ele, que costuma ser inexpressivo em suas atuações. Já o grande ator espanhol Javier Bardem está
mal aproveitado no papel pouco relevante do padre.
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