Antonio Carlos Egypto
O
GRANDE GATSBY (The Great Gatsby). Estados Unidos, 2012. Direção: Baz Luhrmann. Com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey
Mulligan, Joel Edgerton, Isla Fisher.
142 min.
A nova versão cinematográfica de “O Grande Gatsby”,
com base no romance de F. Scott Fitzgerald, tem alguns apelos importantes para
o grande público. É uma superprodução
que recria os anos 1920 nos Estados Unidos da América, com muito charme. É um filme animado, agitado,
movimentado. Tem versão em 3D, para
ampliar o impacto da produção. Tem o
astro Leonardo DiCaprio encabeçando um bom elenco. Será lançado em grande número de salas, com
uma propaganda em larga escala, como acontece com os blockbusters em geral. Sucesso previsível, portanto.
A trama, que é muito boa, envolve o jovem escritor e
agente da Bolsa de Valores Nick (Tobey Maguire), de vida modesta, num
relacionamento com o milionário Gatsby (Leonardo DiCaprio), por estar na sua
vizinhança, em busca de êxito, e porque sua prima Daisy (Carey Mulligan) é o
amor obsessivo e complicado de Gatsby.
Tudo isso, no entanto, não chega a fazer dele um bom
filme, a meu ver. A direção de Baz
Luhrmann é excessivamente agitada e exagerada, para uma narrativa que prioriza
os relacionamentos humanos, os amores, a força e as ilusões do poder e trata de
questões sensíveis e profundas nos sentimentos dos personagens. O cineasta está
mais interessado em destacar as festas na mansão de Gatsby, que parecem um
autêntico evento midiático dos nossos dias, e congregam multidões. As danças, as roupas, o jazz resplandescente,
o mundo dos milionários e o clima de esplendor da época que antecedeu à crise
de 1929, aparecem mais do que os desejos humanos que movem a trama. A câmera frenética do diretor movimenta a
cena, mas não destaca o que é mais importante na história. É inevitável a sensação de vazio. É bonito, mas não tem substância.
A espetacularização é uma característica inapropriada
para o romance retratado. Não chega a
surpreender, porém, que este tenha sido o caminho adotado pelo cineasta
australiano Baz Luhrmann, já que essa é uma característica do seu trabalho. Se em 1992, o seu “Vem Dançar Comigo”
(“Strictly Ballroom”) entusiasmou, foi porque o tema da competição na dança de
salão, com muita coreografia e exibicionismo, combinava com seu jeito de
filmar. Já o seu “Romeu + Julieta”, de
1996, naufragou no exagero e na completa inadequação do texto shakespeariano
aos tiroteios contemporâneos. Era um
equívoco, mas fez sucesso com a garotada.
“Moulin Rouge – Amor em vermelho”, de 2001, também não decola, apesar de
musical. Agitação nunca falta,
sensibilidade, sim.
Há muita gente que curte como diversão e não se
incomoda com esse tipo de cinema raso, embora pomposamente elegante. Na minha opinião, é muita onda para pouco
resultado.
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