sexta-feira, 7 de junho de 2013

O GRANDE GATSBY

                           
Antonio Carlos Egypto



O GRANDE GATSBY (The Great Gatsby)Estados Unidos, 2012.  Direção: Baz Luhrmann.  Com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan, Joel Edgerton, Isla Fisher.  142 min.


A nova versão cinematográfica de “O Grande Gatsby”, com base no romance de F. Scott Fitzgerald, tem alguns apelos importantes para o grande público.  É uma superprodução que recria os anos 1920 nos Estados Unidos da América, com muito charme.  É um filme animado, agitado, movimentado.  Tem versão em 3D, para ampliar o impacto da produção.  Tem o astro Leonardo DiCaprio encabeçando um bom elenco.  Será lançado em grande número de salas, com uma propaganda em larga escala, como acontece com os blockbusters em geral.  Sucesso previsível, portanto.



A trama, que é muito boa, envolve o jovem escritor e agente da Bolsa de Valores Nick (Tobey Maguire), de vida modesta, num relacionamento com o milionário Gatsby (Leonardo DiCaprio), por estar na sua vizinhança, em busca de êxito, e porque sua prima Daisy (Carey Mulligan) é o amor obsessivo e complicado de Gatsby.

Tudo isso, no entanto, não chega a fazer dele um bom filme, a meu ver.  A direção de Baz Luhrmann é excessivamente agitada e exagerada, para uma narrativa que prioriza os relacionamentos humanos, os amores, a força e as ilusões do poder e trata de questões sensíveis e profundas nos sentimentos dos personagens. O cineasta está mais interessado em destacar as festas na mansão de Gatsby, que parecem um autêntico evento midiático dos nossos dias, e congregam multidões.  As danças, as roupas, o jazz resplandescente, o mundo dos milionários e o clima de esplendor da época que antecedeu à crise de 1929, aparecem mais do que os desejos humanos que movem a trama.  A câmera frenética do diretor movimenta a cena, mas não destaca o que é mais importante na história.  É inevitável a sensação de vazio.  É bonito, mas não tem substância.




A espetacularização é uma característica inapropriada para o romance retratado.  Não chega a surpreender, porém, que este tenha sido o caminho adotado pelo cineasta australiano Baz Luhrmann, já que essa é uma característica do seu trabalho.  Se em 1992, o seu “Vem Dançar Comigo” (“Strictly Ballroom”) entusiasmou, foi porque o tema da competição na dança de salão, com muita coreografia e exibicionismo, combinava com seu jeito de filmar.  Já o seu “Romeu + Julieta”, de 1996, naufragou no exagero e na completa inadequação do texto shakespeariano aos tiroteios contemporâneos.  Era um equívoco, mas fez sucesso com a garotada.  “Moulin Rouge – Amor em vermelho”, de 2001, também não decola, apesar de musical.  Agitação nunca falta, sensibilidade, sim.

Há muita gente que curte como diversão e não se incomoda com esse tipo de cinema raso, embora pomposamente elegante.  Na minha opinião, é muita onda para pouco resultado.





Nenhum comentário:

Postar um comentário