quarta-feira, 10 de abril de 2013

Vocês Ainda Não Viram Nada

Tatiana Babadobulos





Vocês Ainda Não Viram Nada (Vous N'Avez Encore Rien Vu) França, 2012. Direção: Alain Resnais. Roteiro: Alain Resnais e Laurent Herbiet. Com: Mathieu Amalric, Pierre Arditi, Sabine Azéma, Jean-Noël Brouté, Anne Consign, Hippolyte Girardot. 115 minutos



Aos 90 anos, o cineasta francês Alain Resnais continua em ótima forma. Depois de emplacar sucessos como “Hiroshima, Meu Amor” (1959), “O Ano Passado em Marienbad” (1961) e muitos outros, ele segue fazendo seus filmes periodicamente, e encantando a plateia.

Seu “Medos Privados em Lugares Públicos”, de 2006, ficou em cartaz no Brasil (ao menos em São Paulo, no antigo Cine Belas Artes) durante mais de um ano. Em 2009 foi a vez do polêmico “Ervas Daninhas”.

Agora, Resnais conta uma história sobre a morte. “Vocês Ainda Não Viram Nada” (“Vous N’Avez Encore Rien Vu”) começa com diálogos ao telefone de uma pessoa avisando aos demais sobre a morte de um amigo. O tal amigo é o famoso dramaturgo com o qual diversos atores (interpretando eles mesmos, ao menos nos nomes) trabalharam anteriormente.


O contato é feito para que esses atores se dirijam a uma casa no interior da França para que assistam à abertura do testamento que o tal dramaturgo deixou. Ao se encontrarem, os artistas assistem a um vídeo, elaborado pelo diretor antes de sua morte, com a encenação da peça de teatro “Eurídice” por jovens atores.



Os que estão assistindo ao vídeo se lembram das respectivas montagens das quais participaram anteriormente com o mesmo texto e seus personagens. Então, resolver proclamar, com saudade, os diálogos que costumavam dizer anos antes.

Em uma das passagens, um dos atores diz que “um pouco de amor, um pouco de dinheiro, um pouco de sucesso e a vida fica bela”. Tudo o que artistas como ele procuram na vida.

Alain Resnais brinca com a morte e, mais uma vez, trabalha ao lado de sua musa, Sabine Azéma. Desde 1983 eles trabalham juntos e esta é a nona vez.

“Vocês Ainda Não Viram Nada” foi selecionado para o Festival de Cannes. O longa tem seus momentos engraçados, mas também os emocionantes, já que estamos falando sobre a vida de uma pessoa que chegou ao fim enquanto limpava a arma de caça. Ainda que se saiba o final logo no início e a mistura de teatro com cinema seja desnecessário, Resnais não cansa nenhum cinéfilo que se preze. E, de quebra, ainda temos o desfile de ótimos atores interpretando personagens memoráveis.

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