domingo, 20 de janeiro de 2013

AS AVENTURAS DE PI

                    
 Antonio Carlos Egypto


AS AVENTURAS DE PI (Life of Pi).  Estados Unidos/China, 2012.  Direção: Ang Lee.  Com Suraj Sharma, Irfan Khan, Adil Hussain, Tobey Maguire, Ayush Tandon, Gérard Depardieu.  127 min.


Acredite no inacreditável é a chamada publicitária que anuncia “As Aventuras de Pi”, do grande diretor Ang Lee, aquele que transita com êxito pelos mais variados gêneros e estilos cinematográficos.  Aqui é a fantasia que dá o tom do trabalho.

O garoto Pi é um indiano, filho do dono de um zoológico.  Pi = 3,1416?  Não, nada disso.  Pi é o diminutivo de Piscine (piscina).  Simples assim.  A história brinca com esses nomes estranhos.  Tanto que o personagem do tigre, que contracena com Pi, se chama Richard Parker.


O fato é que o tal zoológico particular do pai de Pi está de mudança, da Índia para o Canadá.  Mas vem uma terrível tempestade e o navio que transportava a família do dono e os animais naufraga.  Pi e o tigre-de-bengala, Richard Parker, sobrevivem  e têm de conviver no mesmo barco salva-vidas, ou quase isso, já que uma pequena distância será possível de se criar entre eles, mas não todo o tempo.  Imagine o que pode vir daí.  E acredite, se quiser.

O ponto forte do filme – além do visual deslumbrante – é exatamente esse: é possível crer em tudo, ou em nada, ou naquilo que parece mais interessante, mais bonito, mais romântico, mais edificante.  Cada um escolhe aquilo em que deve acreditar.  É justamente aí que se situa a crença em Deus, um belo produto da imaginação e desamparo humanos?  Ou algo tão tangível e real, como o relacionamento entre um garoto e um tigre, sobrevivendo em alto mar?  Sempre é possível marcar nenhuma das alternativas anteriores e grafar uma melhor.  Tudo bem.  Mas seja lá qual for a resposta, só é verdade porque você acredita.  É isso.



Portanto, deixe-se levar pela maravilhosa história do menino e do tigre, que tem lances incríveis, que envolvem coragem, acaso, descobertas, vínculo humano-animal e, é claro, magia.  Não é difícil embarcar na história, porque Ang Lee é um grande diretor e produz imagens tão belas e sedutoras que a gente até poderia dispensar a trama.  Fantástico!  E ainda mais arrebatador em 3D.  A técnica aqui é utilizada com talento e brilho, sem exageros, a serviço da beleza plástica, não de efeitos pirotécnicos.  O resultado é excelente.



Uma diversão e tanto, um exercício do culto à beleza das imagens e um convite à reflexão.  Tudo junto.  Mais uma demonstração inequívoca da capacidade criativa e versatilidade de Ang Lee, o diretor chinês, nascido em Taiwan, que faz filmes tão díspares quanto artisticamente bem realizados, como “Comer, Beber e Viver”, de 1994, “Razão e Sensibilidade”, de 1995, “Tempestade de Gelo”, de 1997, “O Tigre e o Dragão”, de 2000, “O Segredo de Brokeback Mountain”, de 2005, e “Desejo e Perigo”, de 2007.

“As Aventuras de Pi” tem roteiro de David Magee, baseado em livro best-seller de Yann Martel.  Recebeu 11 indicações para o Oscar 2013, inclusive as de melhor filme e diretor.
  

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