Tatiana Babadobulos
Você acredita em destino? E naquela história de que nada é por acaso? O longa-metragem “Os Agentes do Destino” (“The Adjustment Bureau”) fala exatamente sobre isso.
A princípio, estranhei quando, na primeira cena, me deparei com Matt Damon, astro de filmes como “Invictus”, trilogia Bourne, “Além da Vida”, de Clint Eastwood, entre outros, fazendo o papel de um candidato ao senado. Mas a fita é mais do que isso. Além de ser um político, Damon participa de um suspense na história que envolve também a bela Emily Blunt, no papel de Elise, uma bailarina que ele conhece, veja bem, no banheiro masculino. Coisa do destino?
No mesmo dia, os dois se beijam e, pouco tempo depois, se encontram, olha só, no ônibus que ele toma em plena Nova York, já que perdeu a eleição e está em busca de um novo emprego. Trocam telefones, mas não se encontram. Destino?
David começa a ser perseguido, mas até então ele não sabe o motivo, tampouco o espectador. É aí que entram os tais agentes do destino, um grupo formado por homens de chapéus e são responsáveis por fazerem as coisas acontecerem na vida de cada um, conforme o plano do chairman – ou presidente. Com um mapa em mãos que lembra o usado nos filmes de “Harry Potter”, cujo desenho vai se mexendo conforme as personagens se movem, os agentes vão fazer de tudo para que os dois não se encontrem mais.
E há uma explicação para isso, mas sem ser explícito. Um deles, aliás, diz o que acontece desde o Império Romano, passando pelas duas Grandes Guerras, para falar sobre o livre arbítrio e que hoje em dia isso não existe, apenas “uma aparência de livre arbítrio”. Ou seja, a pessoa acha que está fazendo escolhas, mas elas estão sendo induzidas. Na trama, é como se a pessoa não pudesse ter tudo, como família perfeita e carreira brilhante. A partir do ultimato que recebe, David tem de escolher por ele e por ela. Embora os dois formem um belo casal, um dos agentes é enfático: “Não interessa como você se sente. O que importa é o que está escrito (preto no branco)”.
Mas David faz o tipo persistente. Não só pessoal, mas politicamente também. Quando perde a eleição e é o mais jovem candidato ao posto, acha que perdeu porque querem pessoas mais adultas. E daí tenta de novo, mesmo tendo perdido no Brooklin, bairro onde cresceu. De repente, o destino lhe prega uma peça novamente e, três anos depois do último encontro no ônibus, continua procurando Elise todos os dias até que a encontra.
Matt Damon não faz feio, ao contrário. O casal funciona e convence o espectador. Ao fazer o discurso, a empolgação remete ao seu papel em “Invictus”.
Escrito e dirigido por George Nolfi (roteirista de “Doze Homens e Outro Segredo”), baseado em conto de Philip K. Dick (“Minority Report – A Nova Lei”), o filme está sendo lançado como suspense, mas não dá para concordar tendo como referência o mestre do gênero, Alfred Hitchcock, autor de filmes como “Psicose”. “Os Agentes do Destino” tem um mistério, uma busca incessante pelo que se quer, além de ser uma comédia romântica que lembra as protagonizadas por Tom Hanks, por exemplo. O toque de humor acontece sempre com a garota, mas principalmente quando ambos se encontram no ônibus.
Para driblarem o destino, os dois entram e saem de portas, de maneira que aparecem em outros lugares. Talvez uma grande referência ao longa-metragem de animação “Monstros S.A.”? Até que entram em uma porta na Estátua da Liberdade e mudam o destino que havia sido traçado. Simbólico, não?
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