Tatiana Babadobulos
Cisne Negro (Black Swan). Estados Unidos, 2010. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin. Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Winona Ryder. 108 minutos.
“Cisne Negro” (“Black Swan”), longa-metragem que concorre a cinco indicações ao Oscar (incluindo Melhor Filme, Diretor e Atriz), tem o balé como foco. No entanto, não se trata de um musical, tal como “All That Jazz”, de Bob Fosse, ou “Dirty Dancing”, entre outros, mas de um drama psicológico sobre os bastidores, as disputas e intrigas que acontecem quando as bailarinas almejam determinado destaque na companhia de dança.
Na fita, que estreia nesta sexta-feira, 4, nos cinemas, Natalie Portman (“Closer – Perto Demais”) é Nina, uma dedicada e obsessiva bailarina que quer ser a Rainha dos Cisnes, no espetáculo “O Lago dos Cisnes”. Para isso, porém, precisa se soltar e fazer os dois papéis: a do cisne branco e a do negro. Enquanto o primeiro requer técnica, delicadeza e perfeccionismo no desenvolvimento da dança, o segundo exige que a dançarina seja mais solta, sombria e agressiva.
Quem vai escolher qual das meninas do corpo de baile da companhia de Nova York substituirá a rainha, que até então era o lugar de Beth (Winona Ryder), é o diretor artístico Thomas Leroy, vivido pelo ator francês Vincent Cassel (“Inimigo Público Nº 1 – Instinto de Morte”, “À Deriva”). Segundo o personagem, a história é “batida”, mas ele pretende fazer um novo espetáculo e, portanto, precisa de um novo rosto. Assim, as meninas vão ter de mostrar seus talentos, passar por cima dos problemas pessoais e, enfim, viver, de fato, a personagem que o balé requer.
Dirigido por Darren Aronofsky (“O Lutador”), o longa mostra, sobretudo, como vive Nina, uma garota que mora com a mãe (Barbara Hershey), uma ex-bailarina. Seu quarto, onde se passam muitas cenas, é recheado de ursinhos de pelúcia – um contraponto para mostrar que a “menininha” também quer ser mulher, quando se masturba, por exemplo. É também no seu quarto que ensaia as piruetas (seu ponto franco quando vai dançar o cisne negro).
Sem namorado e obedecendo às ordens da mãe controladora, Nina passa a maior parte do tempo ensaiando. É para lá também que vai a câmera de Aronofsky: a academia onde estão as bailarinas (cujas coreografias são do francês Benjamin Millepied).
As lentes do diretor também têm foco nas sapatilhas e nos pés detonados de tanto subir na ponta, sempre acompanhado da valsa dramática de Clint Mansell, autor da trilha sonora. Ao mesmo tempo em que Nina é dedicada no balé, tem pudor ao falar de sexo com o professor e sofre de uma alergia que faz suas costas sangrarem de tanto coçar.
A obsessão de conseguir o que quer lembra um pouco “Billy Elliot”, o garoto inglês que sonha em ser o bailarino do Royal Ballet. Mas o problema de Nina não é o preconceito, tal como enfrenta Elliot, mas sua insegurança de fazer bem-feito e lidar com as desavenças da sua maior concorrente, Lily (Mila Kunis), que está sendo bastante elogiada por Leroy, já que tem as características que o cisne negro exige.
É quando o longa se desenvolve de maneira incrível, principalmente porque começa a mesclar sonho e realidade, e ela tem visões sinistras, uma vez que o excesso de ensaios começa a fazer mal à bailarina. Repare nos pés que viram pés de pato, ou melhor, de cisne.
Ao mesmo tempo em que conquista o papel, ganha inúmeros inimigos, pois vive a pressão obsessiva para atingir a perfeição – custe o que custar.
Com roteiro de Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin, a partir de história Heinz (em sua estreia em longas), a fita prende a atenção do espectador e, de alguma maneira, mexe com a plateia a partir de seus jogos psicológicos, intrigas, além de fazer mal ao estômago em algumas cenas cheias de sangue.
A pontada mais dolorida, porém, é causada pelas cenas finais, que fazem o espectador perder o fôlego ao sair da sala do cinema.
Natalie Portman, que dançou quando criança e depois ensaiou para o filme, mostra a evolução da personagem e o emaranhado psicológico em que vive dia após dia. Por sua performance, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz.
Neste ambiente competitivo, o espectador não vai precisar conhecer sobre o balé, ainda que há duas referências, como o russo Bolshoi e o inglês Royal. Porém, aquele que estiver atento, talvez seja capaz de decorar a coreografia, já que elas são incessantemente repetidas durante as quase duas horas de projeção.
Entre as difíceis fouettés (tipo de pirueta) na ponta e as constantes brigas entre as colegas, “Cisne Negro” é um drama tenso, que ganha reforço com as músicas. E, ao final do primeiro ato da temida apresentação, depois de ter acompanhado tanto esforço e dedicação da bailarina, a vontade é de também levantar e aplaudir a dança, tal como fazem os figurantes que foram assistir no teatro.
Cisne Negro (Black Swan). Estados Unidos, 2010. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin. Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Winona Ryder. 108 minutos.
“Cisne Negro” (“Black Swan”), longa-metragem que concorre a cinco indicações ao Oscar (incluindo Melhor Filme, Diretor e Atriz), tem o balé como foco. No entanto, não se trata de um musical, tal como “All That Jazz”, de Bob Fosse, ou “Dirty Dancing”, entre outros, mas de um drama psicológico sobre os bastidores, as disputas e intrigas que acontecem quando as bailarinas almejam determinado destaque na companhia de dança.
Na fita, que estreia nesta sexta-feira, 4, nos cinemas, Natalie Portman (“Closer – Perto Demais”) é Nina, uma dedicada e obsessiva bailarina que quer ser a Rainha dos Cisnes, no espetáculo “O Lago dos Cisnes”. Para isso, porém, precisa se soltar e fazer os dois papéis: a do cisne branco e a do negro. Enquanto o primeiro requer técnica, delicadeza e perfeccionismo no desenvolvimento da dança, o segundo exige que a dançarina seja mais solta, sombria e agressiva.
Quem vai escolher qual das meninas do corpo de baile da companhia de Nova York substituirá a rainha, que até então era o lugar de Beth (Winona Ryder), é o diretor artístico Thomas Leroy, vivido pelo ator francês Vincent Cassel (“Inimigo Público Nº 1 – Instinto de Morte”, “À Deriva”). Segundo o personagem, a história é “batida”, mas ele pretende fazer um novo espetáculo e, portanto, precisa de um novo rosto. Assim, as meninas vão ter de mostrar seus talentos, passar por cima dos problemas pessoais e, enfim, viver, de fato, a personagem que o balé requer.
Dirigido por Darren Aronofsky (“O Lutador”), o longa mostra, sobretudo, como vive Nina, uma garota que mora com a mãe (Barbara Hershey), uma ex-bailarina. Seu quarto, onde se passam muitas cenas, é recheado de ursinhos de pelúcia – um contraponto para mostrar que a “menininha” também quer ser mulher, quando se masturba, por exemplo. É também no seu quarto que ensaia as piruetas (seu ponto franco quando vai dançar o cisne negro).
Sem namorado e obedecendo às ordens da mãe controladora, Nina passa a maior parte do tempo ensaiando. É para lá também que vai a câmera de Aronofsky: a academia onde estão as bailarinas (cujas coreografias são do francês Benjamin Millepied).
As lentes do diretor também têm foco nas sapatilhas e nos pés detonados de tanto subir na ponta, sempre acompanhado da valsa dramática de Clint Mansell, autor da trilha sonora. Ao mesmo tempo em que Nina é dedicada no balé, tem pudor ao falar de sexo com o professor e sofre de uma alergia que faz suas costas sangrarem de tanto coçar.
A obsessão de conseguir o que quer lembra um pouco “Billy Elliot”, o garoto inglês que sonha em ser o bailarino do Royal Ballet. Mas o problema de Nina não é o preconceito, tal como enfrenta Elliot, mas sua insegurança de fazer bem-feito e lidar com as desavenças da sua maior concorrente, Lily (Mila Kunis), que está sendo bastante elogiada por Leroy, já que tem as características que o cisne negro exige.
É quando o longa se desenvolve de maneira incrível, principalmente porque começa a mesclar sonho e realidade, e ela tem visões sinistras, uma vez que o excesso de ensaios começa a fazer mal à bailarina. Repare nos pés que viram pés de pato, ou melhor, de cisne.
Ao mesmo tempo em que conquista o papel, ganha inúmeros inimigos, pois vive a pressão obsessiva para atingir a perfeição – custe o que custar.
Com roteiro de Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin, a partir de história Heinz (em sua estreia em longas), a fita prende a atenção do espectador e, de alguma maneira, mexe com a plateia a partir de seus jogos psicológicos, intrigas, além de fazer mal ao estômago em algumas cenas cheias de sangue.
A pontada mais dolorida, porém, é causada pelas cenas finais, que fazem o espectador perder o fôlego ao sair da sala do cinema.
Natalie Portman, que dançou quando criança e depois ensaiou para o filme, mostra a evolução da personagem e o emaranhado psicológico em que vive dia após dia. Por sua performance, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz.
Neste ambiente competitivo, o espectador não vai precisar conhecer sobre o balé, ainda que há duas referências, como o russo Bolshoi e o inglês Royal. Porém, aquele que estiver atento, talvez seja capaz de decorar a coreografia, já que elas são incessantemente repetidas durante as quase duas horas de projeção.
Entre as difíceis fouettés (tipo de pirueta) na ponta e as constantes brigas entre as colegas, “Cisne Negro” é um drama tenso, que ganha reforço com as músicas. E, ao final do primeiro ato da temida apresentação, depois de ter acompanhado tanto esforço e dedicação da bailarina, a vontade é de também levantar e aplaudir a dança, tal como fazem os figurantes que foram assistir no teatro.
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