Tatiana Babadobulos
127 Horas (127 Hours). Estados Unidos e Reino Unido, 2010. Direção e roteiro: Danny Boyle. Com James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Sean Bott. 94 minutos
É de perder o fôlego. “127 Horas” (“127 Hours”), um dos longas-metragens que concorrem ao Oscar de Melhor Filme (além de outras cinco categorias), conta a história real do montanhista Aron Ralston (vivido por James Franco, de “Milk – A Voz da Igualdade”) e baseado no livro “Between a Rock and a Hard Place”, do verdadeiro Ralston.
A questão principal do filme, dirigido por Danny Boyle (“Quem Quer Ser Um Milionário”), não é, obviamente, os passeios costumeiros que o protagonista costumava dar sempre que queria sair por aí, sem avisar alguém. A saga principal do longa é sobre o episódio que deixou o rapaz sem um dos braços por conta de uma pedra que caiu sobre ele e o deixou preso em um cânion em Utah, nos Estados Unidos.
Para contar essa história, Boyle se vira muito bem com as imagens que focalizam Aron durante as 127 horas em que fica preso, até conseguir sair da fenda. No entanto, antes da tragédia, é a apresentação do personagem que toma conta da tela, de modo a fazer o espectador se apegar a ele, mostrando como vivia, quem é, os amigos com quem convivia, além, é claro, de seu amor (Clémence Poésy), da família e das moças que conheceu durante o passeio e antes do acidente (Amber Tamblyn e Kate Mara).
É um verdadeiro teste de sobrevivência e remete a filmes como “Enterrado Vivo”, que chega nesta semana em DVD, sobre um caminhoneiro americano que é pego por terroristas iraquianos e é enterrado vivo. Remete também a outras histórias, como o filme “Na Natureza Selvagem”, também sobre sobrevivência; e o documentário “O Homem Urso”, cujo realizador morreu atacado pelo mesmo urso, motivo do filme.
Além do filme de Danny Boyle, as imagens simulam uma espécie de documentário, uma vez que, aparentemente, mostram como se as imagens viessem da câmera que o personagem carrega consigo. E Boyle dá a dimensão do problema no qual o personagem está envolvido quando aproxima e afasta a sua lente do cânion. Outro recurso utilizado pelo diretor, que também é co-autor do roteiro, é a mistura de imagens de situações que ele está perdendo na vida, de coisas que podem estar acontecendo enquanto ele está preso na rocha, além de sua imaginação. Uma forma, para o rapaz, de saciar sua vontade de comer, beber, entre outras necessidades básicas.
“127 Horas” é um filme sobre a vontade de viver, a garra de superar os próprios limites em busca de “uma luz no fim do túnel”, contendo o desespero e sobrevivendo com o pouco de água e comida que tinha na mochila. Com imagens memóraveis e angustiantes pelo que acontece com uma pessoa que fica presa em uma fenda, “127 Horas” é bem resolvido e faz o espectador sentir parte daquilo pelo qual o protagonista está vivendo no drama. Portanto, cumpre o seu papel. E em grande estilo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário