Antonio Carlos Egypto
BEM-VINDO (Welcome). França, 2008. Direção: Philippe Lioret. Com: Vincent Lindon, Firat Ayverdi, Audrey Dana e Derya Ayverdi. 105 min.
A questão dos imigrantes na Europa, e na América do Norte, tem alimentado posturas políticas de direita que procuram atribuir a eles a culpa pelas crises e problemas econômicos que vivem, gerando um ódio e uma intolerância que alimentam fanatismos e violência. Os grupos neonazistas representam o extremo dessas posturas, mas elas alimentam também mentes teoricamente mais abertas e civilizadas que as deles. O que assusta é a que ponto podem chegar essas teses.
O filme francês “Bem-vindo” é mais uma das produções artísticas européias a se preocupar com a questão humana dos imigrantes ilegais, sujeitos a todo tipo de exclusão e humilhações, só porque estão em busca de sobreviver, trabalhando com dignidade em outro país. Claro que a lei não está do lado deles, e as condições de vida não lhes permitem enquadrar-se nas leis estabelecidas sobre o assunto.
O filme, dirigido por Philippe Lioret, é extremamente sensível à questão humana que é colocada para os imigrantes, ao focalizar um jovem refugiado curdo, vivendo na França, que só vê uma saída para ir ao encontro de sua amada na Inglaterra: atravessar o Canal da Mancha a nado. Para isso, ele procura a ajuda de um professor de natação, que, buscando impressionar e reconquistar sua mulher, que advoga o tratamento humanitário dos imigrantes, resolve ajudá-lo.
É aí que o filme ganha importância, ao mostrar que uma simples ajuda humanitária pode colocar na cadeia quem a pratica. Está na lei. Veja bem que estamos falando das leis francesas, e a França foi tradicionalmente um país que sempre acolheu democraticamente exilados e dissidentes de seus países de origem, inclusive brasileiros, na época da ditadura militar.
A cena mais chocante do filme se passa num supermercado, onde os imigrantes são reconhecidos e impedidos de comprar itens absolutamente banais que povoam o cotidiano de todas as pessoas. É inacreditável que alguém possa ser impedido até de gastar o seu próprio dinheiro num supermercado, apenas por ter cara e jeito de imigrante, provavelmente ilegal. Se na França está acontecendo isso, o que esperar do resto do mundo?
O alerta que as cenas de “Bem-vindo” nos trazem é que estamos atravessando um terreno perigosíssimo de intolerância e desumanidade, que pode ser altamente destrutivo para nossa pretendida civilização democrática, que antes de mais nada teria de aprender a cultivar a diversidade e a pluralidade, cultural e pessoal.
O cinema contemporâneo de qualidade tem revelado preocupação com essas questões e, no caso de “Bem-vindo”, focalizando de perto os sentimentos das pessoas envolvidas. Isso nos leva a compreender o sofrimento humano que essas políticas equivocadas e truculentas podem produzir nas pessoas. Não só do lado dos imigrantes, mas de todos que participam do convívio social.
Felizmente, ares novos parecem soprar da América de Obama, para nos mostrar que o equilíbrio nas políticas e nas relações humanas, de todos os tipos, é perfeitamente possível. “Bem-vindo” dá a sua contribuição para isso, com uma boa história, uma direção competente e atores e atrizes que convencem, ao viver o drama humanitário que acompanha a imigração nos dias de hoje.
BEM-VINDO (Welcome). França, 2008. Direção: Philippe Lioret. Com: Vincent Lindon, Firat Ayverdi, Audrey Dana e Derya Ayverdi. 105 min.
A questão dos imigrantes na Europa, e na América do Norte, tem alimentado posturas políticas de direita que procuram atribuir a eles a culpa pelas crises e problemas econômicos que vivem, gerando um ódio e uma intolerância que alimentam fanatismos e violência. Os grupos neonazistas representam o extremo dessas posturas, mas elas alimentam também mentes teoricamente mais abertas e civilizadas que as deles. O que assusta é a que ponto podem chegar essas teses.
O filme francês “Bem-vindo” é mais uma das produções artísticas européias a se preocupar com a questão humana dos imigrantes ilegais, sujeitos a todo tipo de exclusão e humilhações, só porque estão em busca de sobreviver, trabalhando com dignidade em outro país. Claro que a lei não está do lado deles, e as condições de vida não lhes permitem enquadrar-se nas leis estabelecidas sobre o assunto.
O filme, dirigido por Philippe Lioret, é extremamente sensível à questão humana que é colocada para os imigrantes, ao focalizar um jovem refugiado curdo, vivendo na França, que só vê uma saída para ir ao encontro de sua amada na Inglaterra: atravessar o Canal da Mancha a nado. Para isso, ele procura a ajuda de um professor de natação, que, buscando impressionar e reconquistar sua mulher, que advoga o tratamento humanitário dos imigrantes, resolve ajudá-lo.
É aí que o filme ganha importância, ao mostrar que uma simples ajuda humanitária pode colocar na cadeia quem a pratica. Está na lei. Veja bem que estamos falando das leis francesas, e a França foi tradicionalmente um país que sempre acolheu democraticamente exilados e dissidentes de seus países de origem, inclusive brasileiros, na época da ditadura militar.
A cena mais chocante do filme se passa num supermercado, onde os imigrantes são reconhecidos e impedidos de comprar itens absolutamente banais que povoam o cotidiano de todas as pessoas. É inacreditável que alguém possa ser impedido até de gastar o seu próprio dinheiro num supermercado, apenas por ter cara e jeito de imigrante, provavelmente ilegal. Se na França está acontecendo isso, o que esperar do resto do mundo?
O alerta que as cenas de “Bem-vindo” nos trazem é que estamos atravessando um terreno perigosíssimo de intolerância e desumanidade, que pode ser altamente destrutivo para nossa pretendida civilização democrática, que antes de mais nada teria de aprender a cultivar a diversidade e a pluralidade, cultural e pessoal.
O cinema contemporâneo de qualidade tem revelado preocupação com essas questões e, no caso de “Bem-vindo”, focalizando de perto os sentimentos das pessoas envolvidas. Isso nos leva a compreender o sofrimento humano que essas políticas equivocadas e truculentas podem produzir nas pessoas. Não só do lado dos imigrantes, mas de todos que participam do convívio social.
Felizmente, ares novos parecem soprar da América de Obama, para nos mostrar que o equilíbrio nas políticas e nas relações humanas, de todos os tipos, é perfeitamente possível. “Bem-vindo” dá a sua contribuição para isso, com uma boa história, uma direção competente e atores e atrizes que convencem, ao viver o drama humanitário que acompanha a imigração nos dias de hoje.
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