A Mostra Internacional de Cinema, que chega agora à sua 32ª. edição, é o mais importante evento cinematográfico da cidade de São Paulo e tem revelado a cada ano aos cinéfilos paulistanos novos cineastas de todo o mundo. Ao mesmo tempo, traz retrospectivas de grandes diretores de todos os tempos, filmes históricos, resgate até mesmo do cinema silencioso, (este com acompanhamento musical ao vivo). Daí a expectativa que cada Mostra provoca em todos os que gostam do cinema de qualidade e da diversidade de perspectivas e de linguagem.
Na edição deste ano, há destaques na programação de cineastas conhecidos, como o novo filme dos irmãos Dardenne, “O silêncio de Lorna”, com um clima que já se tornou marca registrada deles. O mais recente filme de Alexandre Sokúrov, “Alexandra”, é original na trama e traz a habilidade de captar imagens de rara beleza e adequação ao tema tratado. Em que pese o fato de que Sokúrov é uma espécie de cineasta ahistórico, de direita, que muitas vezes irrita ao tratar de personagens como Lenin ou Hitler, é um talento respeitável.
Lá também se poderá ver o filme de José Padilha, “Garapa”, que ganha especial interesse por tratar em espaço micro do tema da fome, documentalmente, após o êxito estrondoso de “Tropa de Elite” e do não menos brilhante “Ônibus 174”. Por falar nisso, o filme de Bruno Barreto, “Última Parada, 174”, vai ser exibido na Mostra. A conferir. E tem “Che”, de Steven Soderbergh, e mais 400 filmes que abarcam a cinematografia de 75 países.
A competição de novos diretores é uma excitante exploração pelo que de novo se está fazendo mundo afora e sempre traz surpresas agradáveis e, é claro, decepções também. Mas vale muito garimpar essa seleção.
A não perder são os filmes menos vistos, menos conhecidos, de Ingmar Bergman. Tudo o que ele fez desde seu primeiro filme, “Crise”, tem grande interesse agora que, definitivamente, ele se foi. Um mestre como ele não tem substituto, nem nunca terá. E que tal conhecer ou revisitar a obra do cineasta Kihachi Okamoto, que tem sua retrospectiva na 32ª. Mostra?
E quem não viu, na 9ª. Mostra, “Berlin Alexanderplatz”, de Rainer Werner Fassbinder, com suas 15 horas de duração, se puder vê-lo agora, em cópia de 35 mm, vai se fartar de amor ao cinema. É papa fina, mesmo.
Ainda tem o show de encerramento, com Maria de Medeiros, muitos convidados importantes, entre eles, Wim Wenders e Pablo Trapero. O cartaz é de Tomie Ohtake. Como se vê, tem muito a oferecer esta nova edição da Mostra Internacional de Cinema, que Leon Cakoff e Renata de Almeida organizaram uma vez mais. É hora de usufruir desse banho de cultura cinematográfica anual.
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