sábado, 30 de abril de 2016

A GAROTA DE FOGO


Antonio Carlos Egypto




A GAROTA DE FOGO (Magical Girl).  Espanha, 2014.  Direção e roteiro: Carlos Vermut.  Com José Sacristán, Bárbara Lennie, Luís Bermejo, Lucía Pollán.  127 min.



“A Garota de Fogo”, do cineasta espanhol Carlos Vermut, é uma bela surpresa.  Um filme criativo e um tanto maluco, capaz de provocar e intrigar o espectador.  Brinca com o fantástico de forma dramática.  Explora o suspense, na linha dos filmes policiais e tem humor, inclusive non sense.  Tudo superposto, num emaranhado que não segue o ritmo cronológico.  Enfim, um quebra-cabeças e tanto.




O que aparece como fragmento, muitas vezes estranho, acaba fazendo sentido depois.  O que não se espera também não decepciona.  Era por aí mesmo, embora a gente não tivesse imaginado.  Ou então assusta, é uma doidice, mas que dá para entender, dentro do contexto da trama.

Que uma menina de 12 anos, com leucemia e chance de morrer antes de completar os 13 anos, esteja num mundo mágico de fantasia e tenha desejos que, para serem realizados, vão implicar muito dinheiro e ela nem tenha noção disso, é perfeitamente compreensível.  Que um pai queira realizar esse desejo para compensá-la, também. Ainda que isso seja custoso demais e totalmente irracional, já que se situa no terreno da pura fantasia de consumo, que não passou nem no mais elementar teste crítico.  Já roubar, chantagear, tentar manipular outras pessoas para obter isso, é algo inconcebível.

Acontece que, em “A Garota de Fogo”, o inconcebível cabe perfeitamente.  Tudo pode ser concebido e se encaixar na narrativa.  Há várias outras situações parecidas, em que o comportamento dos personagens escapa à lógica ou eventos são envoltos em grande mistério.  O espectador preenche a lacuna, com a sua própria imaginação.  O que pode tornar a história mais excitante ou maluca ainda.




Tudo muito bem feito, cenas bem concebidas, elenco rendendo muito bem, surpresas, suspense, estranhezas a toda hora.  E a gente embarca no universo disfuncional de Carlos Vermut. 

Não surpreende que Pedro Almodóvar tenha dito que Vermut é o maior talento espanhol deste século XXI.  Claro, “Magical Girl” se inspira fortemente no estilo almodovariano.  Não conheço outros trabalhos desse diretor e roteirista.  A julgar pelo trailer de sua obra anterior, “Diamond Flash”, de 2011, o clima parece ser também intenso, dramático e de suspense, mas sem a exuberância do filme atual.  De qualquer modo, percebe-se que Vermut é capaz de transitar por diferentes climas e estilos, se quiser.  Tem amplo domínio da linguagem cinematográfica para tal.


quarta-feira, 27 de abril de 2016

GRITOS E SUSSURROS

          Antonio Carlos Egypto


GRITOS E SUSSURROS (Viskningar och rop), Suécia, 1973.
Roteiro e Direção: Ingmar Bergman, Fotografia: Sven Nykvist.
Com: Harriet Andersson (Agnes),  Liv Ullmann (Maria), Ingrid
 Thulin  (Karin),  Kari  Sylwan  (Anna),  Erland  Josephson (o
médico), colorido, 106 min.





O sueco Ingmar Bergman (1918-2007) foi, indiscutivelmente, um dos maiores cineastas de todos os tempos.  Sua obra permanece atual não só pelos requintes e inventividade de suas filmagens e da extraordinária fotografia de Sven Nykvist, com quem sempre trabalhou, mas também porque lida com questões tão essenciais que dizem respeito a todos os seres humanos, em todas as épocas históricas e espaços geográficos.  Uma dessas questões essenciais é a morte.  A finitude da vida é a única certeza absoluta a martelar nossa existência e para a qual temos uma gama enorme de possíveis respostas, que vão da negação mais absoluta ao enfrentamento mais direto, sem as muletas das religiões. Bergman se situa nessa última categoria de respostas, daí a sua angústia e o medo que ela provoca.  Segundo suas próprias palavras: “A curiosidade que sinto pela vida tem sido demasiado forte, minha vontade de viver, demasiado robusta, e o meu medo da morte, demasiado infantil de tão intenso”. (BERGMAN, 1988, pg. 94).  Infantil, talvez, mas extremamente corajoso e lúcido, como mostram as imagens e os diálogos de quase todos os seus filmes.
Obra-prima que aborda a morte como tema, e em primeiríssimo plano, é Gritos e Sussurros.  Creio que nunca antes no cinema a dor e o sofrimento dos momentos que antecedem a morte tenham sido mostrados com tanta intensidade e eficiência.  Não apenas pelos gritos lancinantes de dor e pelos sussurros que evocam o sofrimento que a dor intensa traz, mas também pelas expressões que a câmera capta da doente e de suas acompanhantes.  Leitura de rostos, mãos e expressões corporais cheias de sutilezas foram uma especialidade de Bergman, que aqui alcançam especial relevo pelo admirável trabalho interpretativo das quatro atrizes que protagonizam juntas Gritos e Sussurros.




O filme começa mostrando o ambiente onde tudo acontecerá, o exterior da propriedade, um relógio, peças artísticas e objetos, introduzindo-nos num universo onde duas mulheres dormem.  Logo se percebe que uma vela pela outra e que há mais duas mulheres na casa, uma delas é uma criada.  Closes nos trazem a principal personagem da trama: Agnes, uma mulher que está sofrendo as agruras que antecedem a morte.
Chegamos aos sete minutos e meio de filme, nenhuma fala e quase nenhum som. Pura imagem, como convém ao cinema. As primeiras palavras serão escritas por Agnes: “Hoje é manhã de segunda-feira e eu estou com muita dor...”  Isso também era dito pela expressão facial de Harriet Andersson.  O clima segue quieto e aparentemente tranqüilo, no sofisticado espaço vermelho e branco concebido para o filme.  Tudo é omitido, a angústia e as tensões não são compartilhadas.
A partir daí, Gritos e Sussurros vai nos mostrar por meio de cada uma das personagens o que Bergman chamou de “este emaranhado de mentiras”. (BERGMAN, 2001, pg. 89).
Anna, a criada, reza diante da foto por sua filha que Deus levou e isso nos mostra outra face da crueldade da morte: aquela dos pais que têm de enterrar seus filhos.
Agnes, a moribunda, pensa uma vez mais na mãe e nos conta que ela está em seus pensamentos quase todos os dias, embora tenha morrido há mais de vinte anos.  A morte, para os que ficam, pode ser uma lembrança permanente.  Temos que conviver com o sofrimento da perda e isso pode ser muito difícil, se encararmos a inexistência de Deus.
Chega o médico que vai atender Agnes e o filme mostra Maria, a irmã mais jovem, se oferecendo a ele. Ele a toca, mas recusa e sai. As reminiscências desta relação por parte de Maria mostram tanto o médico “lendo” a face dela quanto as relações com o marido Joakin, culminando numa tentativa de suicídio frustrada dele, que deixa Maria paralisada. O caminho do suicídio, como possível alternativa, decisão ou “solução” aparece corriqueiramente nos escritos de Bergman, na sua autobiografia, Lanterna Mágica, e nos textos de Imagens.  Pode-se pensar que os filmes de Bergman retratem uma característica depressiva do povo sueco, que consideraria seriamente o suicídio como saída.  Não me parece que seja assim.  Não se trata de uma característica de uma ou mais realidades socioculturais, mas, sim, uma das dimensões da angústia existencial a que estamos todos sujeitos, uma das dimensões da morte: a imaginada, concebida como desejo e eventualmente tentada ou realizada.




A figura de Karin, a irmã mais velha, é marcada pela postura defensiva, tentando proteger uma frágil personalidade que não resiste ao contato.  As relações dela com Agnes e com Anna em cenas curtas revelam isso e, em momento posterior do filme, ela protagonizará ao lado do marido Frederik e da irmã Maria momentos decisivos do emaranhado de mentiras.  Para ela, a morte é assustadora e ela se coloca o mais longe que pode.
Anna, ao contrário, acolhe, cuida e acaricia Agnes, oferecendo seu seio ao contato da pele. Agnes piora, Anna chama as irmãs.  É impressionante como a imagem mostra em seu rosto a expressão de pura dor.  Na cena, do escuro para o claro, vê-se que o tempo passa e a dor permanece.  Ela chama por Anna, que a acolhe até que tudo se acalme.  Só aí as irmãs se aproximam, dão banho, penteiam e lêem para ela.
A dor volta, gritos e sussurros. A morte é inexorável.  “Alguém pode me ajudar?  Eu não agüento!” são palavras de Agnes.
A morte se concretiza; gestos típicos dessas horas nos contam isso.  Em seguida, as vestes pretas e o pastor com sua fala característica evoca Deus como consolo.  No entanto, essa fala revelará a profunda angústia e as dúvidas que a morte provoca: “Que você saiba que língua falar para que Deus possa ouvir” e “Reze por nós, que fomos deixados para trás com o céu acima de nós, impiedoso e vazio” e “Que Ele dê sentido e significado à vida”.   Que esperança pode haver se a vida não tem sentido ou significado e o céu está vazio?  Por isso a morte dá tanto medo.  E Bergman põe isso nas palavras do pastor luterano...




É preciso lembrar que Bergman foi filho de pastor luterano e recebeu uma educação rígida, que ele sempre condenou veementemente.  No seu filme Fanny e Alexander, o pastor vira padrasto e tem tal requinte de crueldade que se torna um vilão a ser queimado vivo.
Em Imagens, Bergman fala do convívio com alguns destes valores religiosos e a idéia de Deus, um assunto do qual ele nunca se afasta:
Meus pais falavam em devoção, amor e humildade. Posso assegurar que me esforcei, mas, durante todo o tempo em que houve um deus em meu mundo, não pude sequer me aproximar de meus objetivos. A humildade não era suficientemente humilde e o amor era, em todo o caso, muito menor do que o de Cristo ou o dos santos, ou até menor do que o de minha mãe.  Quanto à devoção, essa esteve sempre envenenada por dúvidas terríveis.  Agora que Deus não está mais presente em minha vida, sinto que tudo isso é meu, sinto devoção perante a vida, humildade perante meu destino sem sentido e amor para com as outras crianças também amedrontadas, atormentadas, cruéis. (BERGMAN, 2001, pg. 58).
No entanto, as questões espirituais sempre estarão presentes na sua obra cinematográfica e em seus escritos.  Em um trecho da Lanterna Mágica: “Claro que não acredito em Deus, mas a questão não é tão simples como parece, todos nós trazemos um deus dentro de nós, toda a nossa vida é um mosaico que, às vezes, conseguimos vislumbrar, sobretudo na hora da morte”. (BERGMAN, 1988, pg. 175).
Voltando à seqüência do filme, Bergman nos reporta às relações conjugais de Karin com Frederik, relembradas por ela, já que ocorreram naquela casa tempos atrás.  Elas são formais, distantes, gélidas.  A cena mais forte do filme, para muitos, é aquela em que Karin utiliza os cacos de um copo quebrado para ferir seus genitais e depois vai ao leito e mostra ao marido o que fez, lambuzando-se do sangue que empapa sua vulva. Também há uma morte simbólica aí: a morte do prazer, das relações conjugais, do próprio casamento, sob algumas circunstâncias.
Aponte-se ainda o confronto de Karin com Anna, que é repreendida e não aceita as desculpas que se seguem à repreensão. Tudo parece tão deteriorado que não há esperança de reconstrução. Reconstrução parece ser o que tenta Maria com Karin, após a morte de Agnes,buscando que sejam amigas, já que são irmãs.A proposta é tentarem se conhecer, se aproximar, o que parece impossível.  Karin rejeita o toque, depois acede, mas não agüenta a aproximação.  Chora e rejeita Maria e o toque.
Karin dirá que sempre pensou no suicídio, mas que ele é nojento, degradante e sempre igual.  Ela vai do riso ao choro numa cena, agride Maria e fala do seu próprio ódio.  Grita, pede perdão, ambas choram, se tocam, se beijam.  Aproximam-se, afinal. Mais tarde, ao final do filme, será Maria quem irá colocar a distância (e a rejeição) na relação entre as duas, de forma agressiva.  A despedida marcará essa impossibilidade, matando uma vez mais uma relação desde sempre moribunda.



Antes desse desfecho, as irmãs decidem o que fazer com os bens materiais: terra, casa e tudo o mais, e decidem dispensar Anna.  E, gesto magnânimo, oferecem algo de Agnes, já que ela foi tão dedicada.  Para a única que a acolhia genuinamente, uma migalha, que ela dispensa. A família reunida, com os respectivos maridos, decide o futuro de Anna, cedendo-lhe o restante do mês na casa e agradecendo, com perversidade evidenciada nos rostos, jeitos e tons de voz.  Maria dá algum dinheiro a Anna, vê-se que é pouco.
Bergman não deixa escapar a crueldade que existe na relação entre patrões e empregados, com necessidades e interesses diferentes, vivendo mundos distantes, ainda que lado a lado, num mesmo teto.  Se alguém tinha dúvida da sensibilidade social de Bergman, ela acabou aí.  As questões essenciais e existenciais convivem com as questões sociais.  Essas se inserem naquelas e moldam uma gama de expressões, onde a crueldade deixa sua marca.
A morta (Agnes) retorna, pedindo a ajuda das irmãs, como que representando a necessidade de “elaborar” as questões vitais da existência mesmo após a morte.  As irmãs novamente a rejeitam, com diferentes reações e explicações, mostrando a impossibilidade eterna dessa elaboração.  Revelam-se as distâncias e uma vez mais a dificuldade de enfrentar a morte.
Quem a acolhe é mais uma vez Anna e compõe-se uma cena belíssima, nos moldes de uma pietá.  Anna, a criada, é a única capaz de amar, já que não está presa à existência material pesada daquelas terras, daquela casa, seus objetos, valores, posições sociais e regras de conduta.
O filme termina com duas imagens muito bem construídas que se combinam.  Anna lê o diário de Agnes e se percebe mais uma vez que ali há amor.  Do diário vem uma das poucas lembranças afetivas positivas de Agnes com as irmãs naquela casa. Aparece, então, a imagem idílica das quatro personagens nos belos jardins da propriedade, vestidas de branco com sombrinhas, e compartilhando o balanço da infância. Idealiza-se o amor, o respeito e a proximidade entre seres humanos. Uma busca interminável, mas inalcançável.
Em Imagens, Bergman se refere a este filme como um poema: “Um ser humano deixa esta vida, mas, como num pesadelo, detém-se a meio caminho, pedindo aos que ficam ternura, reconciliação, libertação”. (BERGMAN, 2001, pg. 97).
Esse poema, segundo Bergman, precisaria de cores para existir em plenitude: “Todos os meus filmes podem admitir-se filmados em preto e branco, menos Gritos e Sussurros. No roteiro está mencionado que imagino a cor vermelha como sendo o interior da alma”. (BERGMAN, 2001, pg. 90).  Com efeito, o vermelho parece nos pôr o tempo todo em contato com as emoções, com o coração, frágil, endurecido, hesitante, não importa, ele está lá, expressando alguma forma de afeto, vivido, negado ou reprimido.  O branco faz o contraste perfeito, que sugere limpeza, pureza, leveza, o que a trama não consegue nos dar, a não ser em momentos fugidios.  De qualquer modo, a beleza visual do filme, para a qual o vermelho e o branco dominantes contribuem decisivamente, é incontestável.  Cada fotograma é um quadro perfeitamente composto, com uma combinação de cores impecável, ou, então, expressões faciais e corporais marcantes, também perfeitamente enquadradas. O filme visto no DVD permite o recurso da pausa; o congelamento de qualquer das imagens demonstra claramente essa beleza, essa precisão, essa aula de cinema.  É um filme soberbo, do ponto de vista plástico, em harmonia com a profundidade do tema abordado.
Claude Beylie [1991, pg. 257], em sua crítica, aponta Gritos e Sussurros como uma obra agônica, nos moldes da fórmula de Cocteau: o cinema como a arte de filmar a morte em pleno trabalho, com cenas de horror absoluto, atenuadas por doçura. De fato, as expressões afetivas se alternam num universo sem esperança, com muito sofrimento físico e moral, como ele escreve na sua análise. É o fruir da existência desesperançada diante da proximidade e da inevitabilidade da morte.




Em outra crítica a respeito de Gritos e Sussurros, Rubens Ewald Filho faz esta afirmação: “Se por acaso uma catástrofe destruísse a civilização, bastaria que fosse preservada uma cópia deste filme para que os arqueólogos do futuro pudessem ter uma idéia precisa da natureza humana”. (EWALD FILHO, 2001, pg. 81).  Claro que à primeira vista a afirmação parece muito exagerada, até porque é peremptória, mas ela faz sentido.  Bergman alcançou nesse filme uma eficiência raramente encontrada no cinema, ao tratar de um tema tão fundamental, tão básico e tão complexo que diz respeito a toda a humanidade.  Além disso, se não fosse esse o filme a revelar a essência do humano diante da morte, qual seria?  Não vejo concorrente à altura.  Evidentemente, um único filme nunca será capaz de sintetizar a natureza humana, mas as pistas deixadas por Bergman seriam de grande valia.
Rubens Ewald Filho também chama a atenção para a luz empregada, a do entardecer, já que não existiria nada mais aterrador do que a luz forte do sol para Bergman.  O uso dessa luminosidade do entardecer, me parece, favorece muito a possibilidade da reflexão por parte do espectador.  E a reflexão é buscada continuamente ao longo de toda a película.  Eu diria que a principal função desse filme é produzir uma reflexão profunda sobre a vida.  O ambiente é todo preparado para isso, inclusive a luz.
Tanto Ewald quanto Beylie abordam, ainda, a questão das muitas interpretações possíveis a muitas cenas do filme e a ele, como um todo. Nisso, aliás, reside um dos pontos fortes da obra.  Pode-se adotar um ponto de vista filosófico existencial, por exemplo, aplicar a psicanálise e até a crítica social sem jamais esgotar Gritos e Sussurros.  As múltiplas possibilidades de interpretação continuarão lá, como que a nos mostrar que muitas verdades são possíveis, ou que a verdade, enquanto tal, não existe.

                         BIBLIOGRAFIA

BERGMAN, Ingmar – Lanterna Mágica.  Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
BERGMAN, Ingmar – Imagens.  São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BEYLIE, Claude – As obras-primas do cinema.  São Paulo: Martins Fontes, 1991 (p. 257)
EWALD FILHO, Rubens – Os 100 melhores filmes do século 20.  São Paulo: Vimarc Editora, 2001 (p. 86 a 88)
------------------------------- – Dicionário de Cineastas.  São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002 (verbete Ingmar Bergman, p. 68 e 69).
TULARD, Jean.  Dicionário de Cinema – Os Diretores.  Porto Alegre: L&PM, 1996 (verbete Ingmar Berman, p. 65 e 66).







terça-feira, 26 de abril de 2016

Em Nome da Lei

Tatiana Babadobulos




Em Nome da Lei. Brasil, 2016.  Direção e roteiro: Sérgio Rezende. Com Mateus Solano, Paolla Oliveira e Chico Diaz. 115 min.

Realizador de filmes como “Mauá” e “Zuzu Angel“, Sergio Rezende dirige e escreve o roteiro de “Em Nome da Lei”. O longa-metragem, inspirado em histórias reais, fala sobre o contrabando e o tráfico de drogas no Brasil, mais precisamente na fronteira com o Paraguai.
Protagonista de novelas da Globo, o ator Mateus Solano não trabalha muito em cinema, embora tenha participado do ótimo “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas. Na TV, aliás, seu “Zé Bonitinho”, na “Nova Escolinha do Professor Raimundo”, exibida pelo canal pago Viva, é impagável.
Mas, voltando ao cinema…
Na tela grande, embora Mateus Solano não tenha tanta experiência, pode-se dizer que é a melhor parte desta produção, ao lado de Chico Diaz. Há momentos, porém, que o diretor parece não estar presente, tamanho é o descompasso dos atores em cena.
No filme, Solano é Vitor, um juiz que saiu de São Paulo e foi ao interior de Mato Grosso do Sul fazer justiça. Ele mudou de cidade em troca da posição de juiz titular e também para buscar um ideal. Como profissional, o personagem acredita que vai “mudar o mundo”, ou, pelo menos, as injustiças que acontecem na pequena cidade (fictícia) de Fronteiras.
No fórum, onde começa a trabalhar, conhece a procuradora Alice, vivida pela bela Paolla Oliveira, e o policial federal Elton (Eduardo Galvão). Os três têm a difícil missão de acabar com os mandos do coronel da cidade, Gomez (Chico Diaz), que é especializado em contrabando e em tráfico de drogas.

Embora o enredo de “Em Nome da Lei” possa ter alguma semelhança com o momento atual do Brasil e com o juiz Sergio Moro, que lidera as investigações da Operação Lava Jato, em Curitiba, o autor do filme se inspirou no juiz federal Odilon de Oliveira, que ficou famoso por atuar no combate ao crime organizado naquela região.
A cidade do juiz é Ponta Porã; a que foi filmada, é Dourados.
A ideia da trama é boa –principalmente por sair do lugar-comum da favela, da pobreza etc.–, mas falta um pouco de “caldo” nesta mistura.
Além dos atores fracos, com interpretações que não convencem o espectador, a produção do longa deixa a desejar. Detalhes como a placa do carro e a garrafa de vinho que chega aberta na mesa do cliente, mostram a falta de cuidado e, sobretudo, falta de verossimilhança da produção.
Outro problema é o excesso de didatismo nas cenas, principalmente quando se referem ao contrabando. Cinema também serve para educar, mas sutileza é essencial quando se trata de arte.
O longa tem estreia apontada para quinta-feira, 21 de abril.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O TESOURO


Antonio Carlos Egypto




O TESOURO (Comoara).  Romênia, 2015.  Direção e roteiro: Corneliu Porumboiu.  Com Cuzin Toma, Adrian Purcarescu, Corneliu Cozmei, Cristina Toma.  89 min.



Em época de crise econômica mundial, flexibilização de direitos trabalhistas, desemprego, recursos escassos, a falta de dinheiro atinge todos, de uma forma ou de outra.

Quando as dívidas se acumulam, qual pode ser a saída?  Jogar na loteria, roubar?  Mais charmoso, por certo, é imaginar que exista algum tesouro enterrado no jardim de algum lugar, que a gente possa encontrar e resolver o problema.  A história da busca ao tesouro povoa a imaginação das crianças, desde sempre.  E se de repente ela puder ser verdadeira?




Conta a lenda que, numa vila romena, uma fortuna teria sido enterrada no quintal, para preservá-la do confisco pelo regime comunista.  Um detector de metal, que pode ser alugado por um dia, poderia servir para encontrá-la. Verdade ou não, a questão é: o que seria hoje o tão almejado tesouro, se ele existir?  Façam suas apostas, vendo o ótimo filme “O Tesouro’, de Corneliu Porumboiu.

O cineasta é um talento já reconhecido depois de dois trabalhos muito criativos e originais na forma como se desenvolvem, dentro de um clima onde, aparentemente, nada acontece.  São os filmes “A Leste de Bucareste”, de 2006, e “Polícia, Adjetivo”, de 2010.




Porumboiu nos convida, em todos os seus filmes, em que ele também é responsável pelo roteiro original, a observar calmamente a vida de personagens do povo, na lida diária, mas com alguma ideia estranha na cabeça.  O que pode gerar problemas, conflitos e, via de regra, complicações com a polícia.

Revela o que foi o regime opressor e desconectado da realidade de Ceausescu, por meio desses personagens, tentando sobreviver como podem, uma vez que as regras do jogo são sempre contra eles.



O trabalho de Corneliu Porumboiu merece ser conhecido.  Quem não viu seus filmes anteriores, tente encontrá-los por aí.  E aproveite para ver no cinema “O Tesouro”.  É preciso ter paciência com o ritmo do filme, mas não deixar de vê-lo até o fim.  Como em seus outros trabalhos, é chegando lá que tudo se decide e se revela, sempre de modo inteligente e original.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

TRUMAN


ANTONIO CARLOS EGYPTO




TRUMAN (Truman), Espanha, 2015.  Direção: Cesc Gay.  Com Ricardo Darín, Javier Cámara, Dolores Fonzi e o cão Troilo.  109 min.



Dois amigos de infância, separados geograficamente, e pelo tempo decorrido, reencontram-se por alguns dias, quando um deles aparece para uma visita surpresa. Tomás (Javier Cámara) vive no Canadá, com sua família, e vem encontrar-se com Julian (Ricardo Darín), que vive na Espanha, separado da mulher, com um filho em outra cidade, em  um momento decisivo da vida.  O encontro será marcado por muito afeto, estranhezas, cobranças, disputas e também muita solidariedade. É um filme que celebra a diversidade de pessoas e situações, buscando entender, não julgar. E como isso pode ser difícil nos relacionamentos humanos!




O foco da narrativa está numa questão basilar: podemos manejar e controlar a nossa própria vida, mantendo as rédeas até seu último instante e garantindo até mesmo situações posteriores a ela mesma?  Que domínio podemos ter sobre a própria morte?  Qual a melhor maneira de se despedir da vida?  E como nossas decisões podem afetar os outros?  Que direito temos de levá-los a compartilhar de nossos desejos fúnebres?  Quais são esses limites?

Essa pode ser uma discussão de caráter filosófico, mas comporta também coisas bem prosaicas.  Uma delas: com quem ficaria meu cachorro, velho e grande amigo, que vai sentir muito a minha falta?  Isso exige uma cuidadosa seleção de a quem caberiam esses cuidados na minha ausência, na falta de um sucessor, digamos, natural.

Não escolhi esse exemplo à toa.  “Truman”, o título do filme, é o nome do cachorro em questão, o que mostra sua importância para a trama.  O papel cabe ao cão Troilo, que tem o privilégio de ter como parceiros de desempenho dois atores magníficos.




Ricardo Darín é um dos mais talentosos atores de cinema na atualidade.  Não só do cinema argentino, mas do mundial. O espanhol Javier Cámara tem uma expressividade e um senso de humor que lhe permitem construir personagens cheios de humanidade e sutileza.  O convívio de ambos na telona é impactante.

O diretor tem especial interesse em mostrar questões humanas num nivel mais complexo, inesperado, surpreendente, algumas vezes constrangedor. E o faz mesclando drama e humor de forma muito eficiente.




Em  2012, Cesc Gay dirigiu “O Que os Homens Falam”, ótimo filme, que também contou com a participação de Ricardo Darín e Javier Cámara no elenco.  Mas eles não contracenavam no mesmo episódio.  O roteiro original coube ao diretor e seu parceiro também em “Truman”, Tomás Aragay. Parcerias bem sucedidas que se repetem.


“Truman” foi o grande vencedor da 30ª. edição do Prêmio Goya (O Oscar espanhol).  Levou nada menos que os prêmios de melhor filme, diretor, roteiro original e para os atores, protagonista e coadjuvante. Além de prêmios em outros festivais, como o de San Sebastian, pela atuação de Ricardo Darín.


  

quarta-feira, 6 de abril de 2016

SINFONIA DA NECRÓPOLE

  
Antonio Carlos Egypto


SINFONIA DA NECRÓPOLE.  Brasil, 2014.  Direção e roteiro: Juliana Rojas.  Com Eduardo Gomes, Luciana Paes, Hugo Villavicenzio, Paulo Jordão, Germano Melo, Luís Mármora, Adriana Mendonça.  94 min.



Uma trama toda desenvolvida em cemitério, no caso, o Araçá, o Consolação e outro em São Paulo, dá origem a um filme que engloba os gêneros terror, comédia e musical. Em meio aos túmulos, enterros e missa de corpo presente, há espaço para cantos, danças, piada e até romance (ma non troppo).  Tudo amalgamado pelo talento criativo de Juliana Rojas, de “Trabalhar Cansa”, de 2011, em parceria com Marco Dutra. Ela fez até música para “Sinfonia da Necrópole”.




O resultado surpreende pela inovação.  O cemitério é o ambiente que, atingido pela superpopulação urbana, pede uma reforma e a sua verticalização, para poder atender à demanda.  Só que isso pode trazer problemas para as famílias, para os túmulos abandonados, para a sensibilidade dos que temem mexer com os mortos e, talvez, possa incomodar os próprios mortos.  Que podem voltar para reclamar, na forma de zumbis cantores.

De qualquer modo, é preciso enfrentar o problema.  É o que fazem os personagens, contando com a competência de um elenco faz tudo, que tem de dar conta de um musical, do drama, do humor e do fantástico da situação.  Original, divertido.


YORIMATÃ


Antonio Carlos Egypto


YORIMATÃ.  Brasil, 2015.  Direção: Rafael Saar.  Documentário.  117 min.


“Yorimatã” é um documentário que procura recuperar a rica história musical da dupla de cantoras e compositoras Luhli e Lucina, que esteve no centro dos acontecimentos da MPB, nas décadas de 1970 e 1980.  Conviveu e trabalhou com grandes talentos desses períodos, mas, por razões diversas, sempre acabou se afastando da ribalta, sem poder colher os frutos de seus inegáveis méritos.  Para viver o amor que pulsava entre elas, junto com a música.  Para construir uma família a três, com o fotógrafo Luís Fernando Borges da Fonseca.  Para viver uma vida hippie no mato, longe da cidade, em economia de subsistência, por opção ideológica.  E, também, retornando às origens da natureza, quando um câncer acometeu Luís Fernando, para estar com ele na doença.




Com tantos percalços e opções viscerais ou radicais, a dupla não alcançou o sucesso que sempre esteve por perto.  Mas tem muito o que mostrar, nas imagens recuperadas das filmagens em VHS e fotos que Luís Fernando registrou por longos anos.  E nos depoimentos atuais delas, de Gilberto Gil, Zélia Duncan, Tetê Espíndola, Ney Matogrosso, Antonio Adolfo, Joyce e outros mais. Para quem não conhece, ou conhece pouco, o filme mostra as músicas e o universo cultural da produção delas muito bem.


Yorimatã, segundo a dupla, é uma espécie de palavra mágica que significa “salve a criança da mata”



segunda-feira, 4 de abril de 2016

ABRIL NO CINEMA


Antonio Carlos Egypto


Os cinéfilos paulistanos não têm do que reclamar no mês de abril: dois grandes festivais, praticamente simultâneos, acontecem na cidade.  E prometem alta qualidade, a custo muito baixo ou gratuito.

De 07 a 17 de abril de 2016, o melhor do cinema documental, brasileiro e internacional, chega às telas de São Paulo – e também do Rio de Janeiro. É o 21º. Festival Internacional de Documentários É TUDO VERDADE.




Nessa edição, estarão sendo exibidos 85 títulos, entre longas e curtas, de 26 países, sendo 22 estreias mundiais.  Haverá também a retrospectiva da obra de Carlos Nader, uma mostra especial de documentários sobre Olimpíadas, sessões que homenageiam Ruy Guerra, Chantal Akerman, Claude Lanzmann e Haskell Wexler. 

As sessões do Festival se espalham por muitos pontos da cidade, entre eles, cinemas como o Reserva Cultural, o Itaú Augusta e o Centro Cultural São Paulo, na rua Vergueiro.  As sessões serão todas gratuitas, com distribuição de ingressos a partir de uma hora antes de cada sessão.

Destaque para o filme de abertura FOGO NO MAR, da Itália, dirigido por Gianfranco Rosi, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2016, que focaliza a atual crise dos refugiados na Europa, a partir da ilha de pescadores Lampedusa, na Sicília, que recebe milhares de imigrantes da África e Oriente Médio, em embarcações precárias, que ceifam vidas continuadamente.  Para desespero de moradores, como um médico que lá vive e perdeu a conta de quantas autópsias já fez.  Ao mesmo tempo, acompanha um menino de incrível vivacidade, filho de pescador, vivendo sua infância em plenitude naquele belo espaço da natureza.

Este ainda não vi, mas me chama a atenção um trabalho do diretor Eduardo Escorel, que se debruça sobre a história brasileira, IMAGENS DO ESTADO NOVO, 1937—45.  Trata da ditadura getulista, de inspiração fascista, em impressionantes 227 minutos de duração.  Espero que venha daí uma aula de história, o que seria muito oportuno.
Bem, fiquem atentos à programação do Festival É TUDO VERDADE, pela imprensa ou Internet.  Tem muito o que ver.



FESTIVAL SESC MELHORES DO ANO – Edição 42




Os melhores filmes de 2015, nacionais e estrangeiros, segundo a votação da crítica e do público, estarão sendo exibidos na tela do Cinesesc, de 06 a 27 de abril de 2016. 

O Cinesesc oferece ótima projeção, conforto e até uma lanchonete envidraçada, onde se pode comer e beber durante o filme sem incomodar os demais.  Terá o que de melhor passou nos cinemas, ao longo de 2015, e o preço das sessões é módico: inteira, R$12,00, meia, R$6,00, credencial plena do SESC: R$3,50.  Dá para se atualizar, vendo muita coisa boa que se perdeu durante o ano passado, por pouco dinheiro.

Estão na programação grandes destaques internacionais, como WINTER SLEEP, NOSTALGIA DA LUZ, O CLUBE, A GANGUE, FORÇA MAIOR, SABOR DA VIDA, A PELE DE VÊNUS, LEVIATÃ, NUMA ESCOLA DE HAVANA, BIRDMAN, MIA MADRE, 45 ANOS.  Alguns poderão ser vistos em 3D, como ADEUS À LINGUAGEM, MAD MAX—ESTRADA DA FÚRIA, PERDIDO EM MARTE, STAR WARS – O DESPERTAR DA FORÇA.

Entre os nacionais, destaque para QUE HORAS ELA VOLTA?, CHICO, ARTISTA BRASILEIRO, O SAL DA TERRA, CHATÔ, A HISTÓRIA DA ETERNIDADE, CASA GRANDE, ÚLTIMAS CONVERSAS e outros mais.

É uma festa do cinema de qualidade, que inclui, ainda, sessões especiais de filmes que estiveram em listas de melhores, ao longo destes anos todos do Festival e hoje já podem ser considerados clássicos, como GRITOS E SUSSURROS, de Bergman, PAI PATRÃO, dos irmãos Taviani, ADEUS, MENINOS, de Louis Malle, e LIGAÇÕES PERIGOSAS, de Stephen Frears, que merecem ser vistos ou revistos na telona.  Na abertura, um documentário brasileiro inédito, YORIMATÃ, que também integrará a programação.  O 42º. Festival Melhores Filmes chegará em maio a muitas outras unidades do SESC, no Estado de São Paulo.  Não dá para perder, definitivamente.



sexta-feira, 1 de abril de 2016

PARA MINHA AMADA MORTA


Antonio Carlos Egypto

PARA MINHA AMADA MORTA.  Brasil, 2015.  Direção: Aly Muritiba.  Com Fernando Alves Pinto, Lourinelson Vladmir, Mayana Neiva, Giuly Biancato, Vinicius Sabbag, Michelle Pucci.  113 min. 


Uma trama de suspense, envolvendo um jovem viúvo e seu pequeno filho, vivendo o luto e a falta da mulher amada e da mãe.  Uma história de amor, bem sucedida durante sete anos, no entanto, revela que, por trás disso, ou ao lado disso, havia uma traição.  O mundo desaba diante de fitas picantes de VHS, que a amada fazia com seu amante.





Daí para a obsessão com o assunto à busca e aproximação do agressor e um plano de vingança, é um pulo.  Aly Muritiba, porém, não faz um filme convencional.  Seu suspense se converte em drama psicológico e as expectativas se revertem.  Ou seguem os caminhos da mente e das emoções e não o das convenções. 

Com sequências muito bem filmadas, bom elenco e sensibilidade, o filme surpreende pela profundidade com que aborda o tema, tão batido, da vingança.

Há duas ou três sequências estranhas, difíceis de serem aceitas, pela velha questão da verossimilhança.  Mas é um problema menor, numa narrativa tão consistente como a de “Para Minha Amada Morta”.

  

EU SOU CARLOS IMPERIAL


Antonio Carlos Egypto


EU SOU CARLOS IMPERIAL.  Brasil, 2015.  Direção: Renato Terra e Ricardo Calil.  Documentário.  90 min.



Um documentário para contar a trajetória, polêmica e de ética duvidosa, do revelador de talentos, ator, compositor, apresentador de TV e algo mais, Carlos Imperial (1935-1992).

É possível lembrar dele como alguém que revelou Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal, e compôs canções como: “A Praça”, “Vem Quem Que Eu Estou Fervendo”, Mamãe Passou Açúcar Ni Mim” e “Nem Vem Que Não Tem”.

Mas ele também aparece como autor de “Meu Limão, Meu Limoeiro”, uma música muito anterior ao seu nascimento, que ele registrou como sua, quando soube que ela não estava registrada em nome de ninguém.  Sem nenhum pudor.  E também pode ser lembrado por frases como esta: “Prefiro ser vaiado num carro de luxo do que aplaudido no ônibus”.  Que beleza, não!


Essa figura, o chamado Rei da Pilantragem, é mostrada com todas as suas contradições em “Eu Sou Carlos Imperial”, dos mesmos diretores do ótimo “Uma Noite em 67”, de 2010: Renato Terra e Ricardo Calil.