segunda-feira, 3 de agosto de 2015

JIMMY'S HALL

  
Antonio Carlos Egypto




JIMMY’S HALL (Jimmy’s Hall). Reino Unido, 2014.  Direção: Ken Loach.  Com Barry Ward, Simone Kirby, Andrew Scott, Jim Norton.  110 min.


Em “Jimmy’s Hall”, que poderia se chamar O Salão de Baile de Jimmy ou O Salão Comunitário de Jimmy, conta-se a história real do líder comunista irlandês Jimmy Gralton (1886-1945) , que, a partir da reabertura de um salão, numa comunidade rural, desafiou o poder censório e de veto da Igreja Católica e acabou tendo de sair do país em consequência disso.




O filme, realizado pelo veterano cineasta britânico Ken Loach, segue com fidelidade as concepções políticas que marcaram sua notável carreira no cinema.  Ele costuma focar sua narrativa na luta pelo poder, especialmente a partir da ótica da classe operária e dos oprimidos em geral.  Faz um cinema de esquerda, que não dispensa uma narrativa que possa ser claramente compreendida, sendo até didático, quando necessário.  É também um cinema histórico, no sentido de explicar a evolução política dos fatos, recentes ou não, que dão sentido à vida de seus personagens.




Com essas ferramentas, a partir de um roteiro de Paul Laverty, se desenvolve a luta de Jimmy Gralton (Barry Ward), no período pós-depressão econômica de 1929, retornando a sua Irlanda natal, após dez anos vivendo em Nova York.  Nesse retorno, em 1932, Jimmy reconstroi um centro comunitário que é um espaço de aprendizagem, debates, música e dança, em que a comunidade, em trabalho voluntário, compartilha conhecimentos e crenças.  E se diverte em bailes que suplantam, em muito, as festas promovidas pela paróquia local. O jazz norte-americano e o gramofone são novidades entusiasmantes que Jimmy intoduz na localidade.

O que está por trás desse confronto é a questão da terra, da reforma agrária, os interesses da igreja umbilicalmente ligados ao domínio da propriedade da terra.  É, portanto, a luta de classes o condutor da trama.




O estilo clássico com que Loach trabalha se mostra adequado aos temas que ele expõe à nossa informação e reflexão.  Ele o faz de modo muito competente, com excelente desempenho do elenco, caracterização geográfica e histórica precisa, em locações muito bem escolhidas, de beleza natural, que suas câmeras sabem explorar em panorâmicas, em climas ativos e alegres, em detalhes sutis de pessoas e objetos.  O filme tem leveza.  E a história que ele conta seria até cômica, se não fosse trágica.


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