domingo, 15 de fevereiro de 2015

SNIPER AMERICANO


Antonio Carlos Egypto




SNIPER AMERICANO (American Sniper).  Estados Unidos, 2014.  Direção: Clint Eastwood.  Com Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Jake McDorman.  132 min.


Não há dúvida de que “Sniper Americano”, dirigido por Clint Eastwood, é um filme de guerra muito bom, muito bem realizado, com um bom número de cenas marcantes e efeitos especiais colocados a serviço de contar bem uma história, sem maneirismos ou fios soltos.

O personagem central Chris Kyle, numa interpretação marcante de Bradley Cooper, mostra consistência e, em que pese sua profunda identificação com a guerra, estão lá seus conflitos pessoais e familiares, desequilíbrios, frustrações e inadaptações. É, portanto, um personagem que exibe humanidade.  Não se trata, apenas, de um laudatório da guerra.  Não é raso ou simplista.  Ainda assim, há muito a questionar na ideologia que move o filme.




Atirador Americano, que deveria ser o título do filme por aqui, se baseia na autobiografia de Chris Kyle, o atirador de elite da Marinha Americana, que virou herói, recebeu condecorações e a quem se creditam 160 mortes.  E que foi assassinado no Texas, quando já estava de volta, após quatro incursões pela guerra do Iraque.  A essa altura, ele havia voltado para a família e ajudava veteranos de guerra a superar traumas e dificuldades decorrentes do período bélico.  Ao mesmo tempo em que ele próprio, viciado na guerra, tentava se adaptar à vida pacífica.  O seu assassinato, que o filme não mostra, nem explica, só cita ao final, ainda está sendo julgado e a própria existência e sucesso do filme tendem a interferir no processo atualmente em curso.

“Sniper Americano”, com todos os méritos cinematográficos que tem, é um filme que faz a elegia do herói, aquele que se dedica de corpo e alma e com patriotismo à causa americana.  Que quer proteger os cidadãos norte-americanos de ataques, como o das Torres Gêmeas, e combater os inimigos em seu próprio domínio.




Muito bem, mas que heroísmo é esse a ser valorizado?  O dos Estados Unidos que invadiram uma nação, o Iraque, com base na suposição mentirosa de que lá haveria armas de destruição em massa?  O atirador que mata calculadamente, mas inclui crianças que carreguem artefatos bélicos, é o grande herói da América?  Não dá para engolir tal ideologia, tal modo de pensar.  O país que Chris Kyle defendeu com ardor é o mesmo que produz guerras por toda parte, alimenta com armamento pesado aqueles que depois se tornarão os inimigos a serem combatidos.  Não é assim que funciona?

Não dá para simplesmente colocar no papel de vítima o país que invade outros países, fomenta as guerras e com seu poderio procura impor sua vontade ao mundo.  Mas Clint Eastwood é um homem de direita, do Partido Republicano, apoiou Bush.  Fazer o quê?




Talento como cineasta ele tem de sobra, como já mostrou fartamente em sua filmografia, que inclui “Os Imperdoáveis”, de 1992, “Sobre Meninos e Lobos”, de 2003, “Menina de Ouro”, de 2005, “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”, de 2006, “Gran Torino”, de 2008, e “Invictus”, de 2009, entre outros. Em “Sniper Americano”, ele também compôs a música do filme.  Muito boa, por sinal.  São seis indicações ao Oscar 2015 para essa produção que valida a ideologia de guerra dos Estados Unidos da América 



Um comentário:

  1. Quando esse filme saiu eu realmente gostei , American Sniper é o melhor filmes de guerra que eu vi no filme dos últimos anos, também tem o ator principal Bradley Cooper para que eles tenham um ponto extra

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