quinta-feira, 3 de julho de 2014

NÃO ACEITAMOS DEVOLUÇÕES

Antonio Carlos Egypto



NÃO ACEITAMOS DEVOLUÇÕES (No Se Aceptan Devoluciones).  México, 2013.  Direção: Eugenio Derbez.  Com Eugenio Derbez, Loreto Peralta, Karla Souza, Jessica Lindsey.  115 min.



A comédia mexicana “Não Aceitamos Devoluções” foi um fenômeno de público em seu país: 18 milhões de mexicanos foram ao cinema ver o filme.  Bem mais gente do que os que foram ver “Tropa de Elite” no Brasil.

O que explica tamanho sucesso?  Difícil dizer.  Trata-se de uma película dirigida por um estreante, que também a protagoniza, o comediante Eugenio Derbez.  O filme tem um bom número de cenas realmente engraçadas, algumas têm um tom dramático e até mesmo meloso.  No geral, a trama prioriza a afetividade e o tom de brincadeira.  O roteiro é muito bom e o desfecho da narrativa surpreende, já que nos encaminha para um lado e o que acontece é o que não se esperava.  Legal, bem bolado.



Há também cenas que exploram clichês, situações manjadas ou improváveis.  A história tem vários desdobramentos e mantém o interesse do espectador.  Enfim, um produto popular de boa qualidade.  Explica tanto sucesso?  Repetirá o mesmo por aqui?  Creio que não, para as duas perguntas.  Mas sucesso é algo insondável e imprevisível, não é?

Bem, e de que trata o filme?  De um cara mulherengo e medroso, que acaba tendo de conviver com seu outro lado, se torna um pai dedicadíssimo para uma filhinha que resultou de um contato sexual bem eventual, mas que acaba entregue a ele, sem volta, pela mãe.  Para dar conta de educar a filha, ele acaba encontrando um emprego bem remunerado, nos Estados Unidos: dublê de cenas de ação em Hollywood.  Algo que exige dele o que ele não tem: coragem.



Ele mima exageradamente a filha, afinal, não sabe ser pai com equilíbrio, mas se torna um herói para ela, por conta de seu trabalho arriscado.  Enquanto isso, ele cria uma narrativa fantástica a respeito da mãe ausente: ela se torna uma super heroína que vive viajando para salvar o mundo de muitas tragédias e escreve lindas cartas para a filha.  Até que ela resolve reaparecer...



O elenco, encabeçado pelo diretor Eugenio Derbez, que explora bem o humor físico, tem na menina Loreto Peralta, que faz a filha Maggie um pouco mais velha, um destaque.  Ela faz com muita graça o seu papel.

Se o filme não tem maior profundidade, também não tem o que o desabone.  Não destila preconceitos, nem abusa de estereótipos, apesar de flertar com alguns deles.  E dá alguns toques interessantes sobre as responsabilidades que temos de assumir, além de respeitar os limites e características pessoais de cada um, diante do que lhe cabe.  E até festeja formas alternativas de encarar os desafios que a vida apresenta a todos.




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