quinta-feira, 7 de julho de 2011

CORAÇÕES PERDIDOS

Antonio Carlos Egypto

CORAÇÕES PERDIDOS (Welcome to the Rileys). Estados Unidos, 2009. Direção: Jake Scott. Com James Gandolfini, Melissa Leo, Kristen Stewart. 110 min.

“Corações Perdidos”, título mais apropriado para uma novela de TV do que para o filme, refere-se a uma produção norte-americana de pretensões modestas e que procura tratar de uma questão de relacionamento humano complicada: a que envolve culpa e morte.

Doug (James Gandolfini) e Lois (Melissa Leo) estão casados há quase 30 anos, com uma vida estável e rotineira, que acabou sofrendo um grande abalo quando a filha adolescente morreu num acidente automobilístico.

Lois, a mãe, se sente culpada pelo que aconteceu, porque, de alguma forma, participou daquilo. E desde então não sai mais de casa. A reclusão foi a sua saída e a tal ponto a vida perdeu o sentido que ela até já providenciou lápides para si e para o marido. Tudo pronto para a hora em que morrerem. Parece que é só isso o que ela espera da vida, agora.

Doug, o pai, é um bem-sucedido homem de negócios, mas que também se sente muito infeliz com a perda e com o que sucede no seu casamento e na sua vida. Busca algum consolo em contatos com outras mulheres, inclusive strippers, sem que o desejo sexual seja a mola propulsora desses contatos.

Será justamente ao conhecer uma jovem stripper que se prostitui – Mallory é um dos seus muitos nomes – em New Orleans, para onde foi, em função de um congresso, que ele irá virar sua vida de cima para baixo. New Orleans é mostrada em seu lado pobre, o avesso do charme dos espetáculos que costuma caracterizar a cidade.

O personagem da prostituta, que teria 16 anos, é vivido por Kristen Stewart, que está bem no papel formando com o casal maduro, um trio de ator e atrizes talentosos.

As questões existenciais que a morte coloca vão mover os personagens bem de vida, enquanto a sobrevivência mais elementar move a jovem garota de programas. Ela fala de suas práticas sexuais com uma desenvoltura e uma tal familiaridade que transforma o olhar de Doug e depois, também, o de Lois.

Eles projetarão nela a filha perdida e, na forma como isso se dá e se resolve, o filme patina um pouco e perde densidade. A trama poderia ter trabalhado melhor a complexidade da situação. Simplificou-se o relacionamento do trio e o desfecho, apesar de um tanto previsível, não convence. O que não significa, claro, que o filme não tenha nada a dizer ou que não se preste a reflexões interessantes.

É uma fita mediana, com um tema importante e expressivo desempenho de seus protagonistas, dirigida ao público adulto. O que a diferencia da maior parte da produção hollywoodiana atual, que procura dialogar com crianças, adolescentes e jovens adultos.

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